Séries & TV

Crítica: Legion - 1ª Temporada

Primeira temporada da série supera expectativas e concorrentes


Depois de deixar uma ótima primeira impressão, Legion, primeira série ligada ao universo cinematográfico dos X-Men, continuou chamando atenção pela abordagem e pela qualidade, explorando um potencial dormente no gênero, populado por Marvel e DC.

Ao longo da temporada, vimos David Heller (Dan Stevens) evoluir de um jovem "esquizofrênico" para um mutante poderoso, enquanto acompanhávamos o crescimento de sua amizade com os companheiros da fundação de Melanie Bird (Jean Smart) e seu relacionamento amoroso com Syd (Rachel Keller).

O vilão da série, brilhantemente encarnado por Aubrey Plaza e que permaneceu misterioso até o sexto episódio (de oito) da temporada, foi muito bem desenvolvido e resolvido no pretexto da série, que baseou quase toda a temporada à sua volta e em como seria possível David enfrentá-lo.

Aubrey Plaza, Rachel Keller e Dan Stevens
Diferentemente das temporadas longas das séries da TV aberta americana, Legion teve, em oito episódios, uma trama perfeita, sem buracos e com apenas o mínimo de exposição de seus personagens, fazendo o telespectador se sentir como David: no escuro e altamente curioso.

Outra grande arma de Legion foi brincar com a cabeça dos personagens, fazendo com que eles (e nós) questionassem o que era e o que não era real, do primeiro ao último segundo da série, mantendo uma mistura de ação e suspense, como se cada episódio fosse um filme diferente de uma mesma franquia.

David (Dan Stevens) sem controle de seus poderes
Falando em franquia, nenhuma passagem da série chega a fazer uma ligação explícita ao universo que se insere. Uma cadeira de rodas aqui, um sotaque britânico acolá e o nome do vilão são basicamente as únicas coisas para nos lembrar que estamos assistindo a uma história dos X-Men.

As atuações surpreendem, principalmente Dan Stevens, que consegue ir do paciente de um manicômio ao mutante mais poderoso do mundo num estalar dos dedos (e alguns hilários passos de dança), e Rachel Keller, que passa pelo olhar todo o carinho de Syd por David e sua preocupação com o bem-estar do amado.

Sem entrar em spoilers, o finale da série é a resolução de todas as questões que surgiram ao longo da temporada. O que a Divisão 3 quer? Qual o alcance do poder de David? Como derrotar o vilão incorpóreo que assombra a vida dos protagonistas? Tudo é resolvido brilhantemente nos últimos 40 minutos da temporada, com um gancho atordoante para o já confirmado e aguardado segundo ano.

Temporada de Legion foi bem ao basear arco na força do vilão
Apesar das audiências medianas, a primeira temporada de Legion deu uma aula de televisão para outras séries do momento. Talvez, Arrow e Flash entendam que carga dramática não necessariamente quer dizer dramalhão, enquanto The Walking Dead aprenda a não se arrastar com histórias lentas e suspenses sem motivo, especialmente depois de a resolução de conflitos seguir uma fórmula repetitiva nos últimos anos.

Legion, pelo menos em sua primeira temporada, é tudo o que uma série de super-heróis deveria aspirar a ser: simples, emocionante e única, escapando de clichês e trazendo conceitos do cinema que elevam tudo o que é visto em cena, da fotografia às interpretações.

Legion é exibida no Brasil pelo FX, às 22:30, toda quinta-feira, com um dia de diferença para os EUA. O último episódio da temporada será exibido hoje (30/3). A FX já confirmou que teremos uma segunda temporada.

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