Mangás

Como é a vida de um mangaká?

Há muito mais esforço do que imaginávamos por trás de cada quadrinho!


Quando lemos um mangá, muitas vezes não imaginamos todo o trabalho feito para que cada quadrinho chegue perfeitamente em nossas mãos. Pensando nisso, um leitor do site Anime News Network faz a seguinte pergunta na sessão Answerman: “Visto que há um infeliz padrão de alguns autores de mangá morrendo jovens, isso me levou a questionar: como é de fato o dia-a-dia de um mangaká? Escrever/desenhar é a principal fonte de renda, ou mangás são só um trabalho paralelo para a maioria dos autores?”.


A resposta dada por Justin Sevakis, criador do Anime News Network, mostra de fato como é o dia-a-dia dos mangakás, e você pode conferir abaixo:

“Há alguns anos, o famoso mangaká Takehiko Inoue (autor de Slam Dunk e Vagabond) visitou a cidade de Nova Iorque para pintar um mural na parede da nova localização do Books Kinokuniya. Eu estava lá para cobrir o evento e comentei com um de seus agentes que devia ser difícil voar do Japão até Nova Iorque e imediatamente superar o jet lag para pintar um mural tão impressionante. O agente me respondeu que Inoue estava numa agenda muito apertada, e que estava pintando o dia inteiro e imediatamente voltando para o seu quarto de hotel para desenhar mangá a noite inteira.
Autores reais de mangás em série não têm tempo para um trabalho paralelo. Na verdade, eles mal têm tempo para qualquer coisa que não seja trabalho – e isso é especialmente verdade para os que estão começando. Muitos mangakás fazem tudo em relação aos seus trabalhos: eles fazem a escrita, o layout, o desenho, a pintura. Muitas vezes isso é muita coisa, por isso muitos deles contratam assistentes – algumas vezes, muitos assistentes – para terminar o trabalho a tempo. Com o declínio da indústria de revistas e impressões, é um constante desafio manter os fãs felizes e as vendas funcionando.
Grandes nomes podem arrecadar milhões: foi relatado que Eichiro Oda, por exemplo, levou para casa ¥1.3 bilhões (15 milhões de dólares), somente em 2009. Obviamente alguém como Oda pode bancar vários assistentes, e enquanto ele pode passar pouco tempo no trabalho, ele não precisa mais praticamente se quebrar para enviar um número x de páginas para os editores da Shonen Jump toda semana. Mesmo assim, ele ainda trabalha muito: de acordo com algumas notícias, ele têm trabalhado praticamente sem pausas todos os dias de 5 da manhã até 2 da manhã.
Autores de mangás de sucesso não se quebram continuamente dessa forma. Artistas famosos como Masashi Kishimoto, Akira Toriyama e Rumiko Takahashi estão bem situados: eles não somente ganham royalties de seus mangás, mas também do anime, do merchandising e outros produtos licenciados. Um artista renomado talvez também deva trabalhar muito e passe por muito estresse, mas ele também provavelmente faz outras coisas, como manter ativa a vida social.
Mas esses caras são a exceção, não a regra. A menos que seu trabalho se torne uma franquia multimídia bem sucedida, muitos artistas acabam presos aos royalties de tankoubon (graphic novel) e a quantidade insignificante que as revistas os pagam (tipicamente algo como 100 dólares por pagina), o que é suficiente somente para viver, sem chances de contratar um assistente. A média de royalties que um mangaká com sucesso suficiente para conseguir ter seu tankoubon impresso é de apenas ¥2,8 milhões (mais ou menos 35 mil dólares), em 2009 – o suficiente para se viver, mas não é particularmente muito. E esses artistas ainda são os mais famosos: muitos trabalhos de artistas menos populares só são impressos em forma de antologias.
Mas mangakás geralmente amam seu trabalho. Mesmo com um balanço injusto de vida e trabalho, eles vivem por sua obra e têm orgulho do que eles fazem. O esgotamento é alto, especialmente em níveis mais baixos, e não é algo que se pode ser chamado de vida saudável. Mas, como muitas atividades criativas, é um campo muito competitivo. As pessoas de fato abrem a mão de muitas coisas para conquistar seus sonhos.”




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