Cinema

10 filmes que não tinham o direito de serem tão bons

Produções que nos ensinaram a nunca julgar um livro pela capa

Já olhou para o anúncio de um projeto cinematográfico e pensou "isso com certeza não vai dar certo" e, no fim, saiu da sala do cinema completamente surpreso com o resultado? Pois é, isso não é exatamente raro em Hollywood, especialmente em um mundo formado por projetos pessoais e produções caras. Segue aqui uma lista com 10 filmes que destruíram as expectativas.


10 - Star Wars (1977)


Calma, calma, não pretendo falar mal de Star Wars! Mas não é novidade para ninguém que o filme original da saga de George Lucas passou por maus bocados por sua produção. Das críticas de Harrison Ford ao roteiro do Criador ao abuso de drogas por parte de Carrie Fisher, Guerra nas Estrelas foi recebido com descrença pelo estúdio e pelo público antes de estrear em 25 de maio de 1977, com espectadores questionando como (e por quê) as estrelas estariam em guerra.

Os cenários e objetos reutilizados de outros filmes e programas da época prometiam uma bomba que enterraria a carreira de Lucas, mas o resultado final foi o épico que chegará ao seu nono capítulo em 2019, sem contar dois filmes derivados e inúmeras histórias contadas em outras mídias.

9 - Anjos da Lei (2012)

Entrando na onda de reboots de seriados dos anos 1980, Anjos da Lei arriscou muito mais do que a concorrência ao escalar Jonah Hill e Channing Tatum nos papéis principais, transformando o drama policial que lançou Johnny Depp em uma comédia buddy-cop para maiores, com direção da dupla Phil Lord e Christopher Miller que, até então, só haviam dirigido a animação Tá Chovendo Hambúrguer.

Apesar de Hill já ter se provado em filmes como O Homem que Mudou o Jogo (pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar) e Superbad!, Tatum ainda era conhecido como mais um galã adolescente com atuações sem emoção em GI Joe e Se Ela Dança, Eu Danço. Mesmo assim, os dois não só se tornaram amigos na vida real, como entregaram uma das melhores comédias da década (com uma sequência ainda mais hilária). O filme ainda ganhou pontos por atuações inspiradas de Ice Cube, Dave Franco e (sim!) Brie Larson.

8 - Homem-Formiga (2015)


Assim como Star Wars, o primeiro Homem-Formiga passou por alguns problemas de bastidores durante sua produção. Começando pela escalação duvidosa de Paul Rudd como protagonista, algo questionado por fãs do MCU, o filme ainda seria lançado junto da onda de críticas apocalípticas de Vingadores: A Era de Ultron, que afirmava que o cenário dos super-heróis estava ficando saturado.

O auge da crise veio com a demissão de Edgar Wright por "diferenças criativas" com a Marvel Studios, com Peyton Reed assumindo seu lugar.

Apesar dos contra-tempos, Homem-Formiga surpreendeu com um filme de assalto bem-humorado e atuações memoráveis da dupla Paul Rudd e Evangeline Lily, sem contar os efeitos especiais maravilhosos que nos fizeram chorar por cada formiga sacrificada no terceiro ato do filme (saudades ANThony).

7 - Um Lugar Silencioso (2018)

Projeto pessoal de John Krasinski, o terror Um Lugar Silencioso se tornou um verdadeiro pesadelo ao arrancar risadas do público em sua primeira sessão-teste.

Escrito, dirigido e estrelado pelo eterno Jim Halpert, de The Office, o filme de baixo orçamento mostra uma família tentando sobreviver em um mundo invadido por aliens hipersensíveis ao som e depende muito da capacidade de direção e criação de mundo, algo que não era esperado do diretor de primeira viagem.

Acontece que, ao lado da esposa, a sempre ótima Emily Blunt, Krasinski criou o terror mais original e surpreendente da década, ao lado de Corra!, de Jordan Peele.

Meses depois da estreia, com Um Lugar Silencioso sendo especulado para os principais prêmios do cinema, o ator revelou o motivo daquelas risadas na sessão teste: o baixo-orçamento impediu que o departamento de efeitos especiais completassem a tempo o visual dos monstros, que não apareceram no corte apresentado; em seu lugar, o público foi obrigado a ver o próprio Krasinski no infame collant de captura de movimentos, resultando nas gargalhadas.

6 - Kingsman: Serviço Secreto (2014)

Inspirado numa das HQs mais fracas de Mark Millar, Kingsman: Serviço Secreto entrava em um campo que vinha tendo muito pouco sucesso nos últimos anos em Hollywood: o das paródias. Uma versão ébria dos filmes clássicos de 007, o filme de Matthew Vaugh recebeu olhares tortos após um trailer exagerado e confuso alienar o público sobre a trama do filme. Para afastar ainda mais os espectadores, a HQ de Millar não vinha vendendo bem, além de não ter terminado sua publicação a tempo da estreia de sua adaptação.

A surpresa veio quando percebemos que Kingsman não era a típica paródia-pela-paródia, como as franquias Todo Mundo em Pânico e Deu a Louca em (...), mas apresentava uma trama interessante, com um visual colorido e atuações hilárias e inspiradas de absolutamente cada um dos atores envolvidos. A cereja do bolo é a cena do massacre em uma igreja ao som de "Free Bird", do Lynyrd Skynyrd.

5 - Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003)

15 anos depois, é difícil lembrar que o sentimento inicial quando o primeiro Piratas do Caribe foi anunciado foi de puro desdém. Afinal, como poderia o diretor de O Ratinho Encrenqueiro adaptar uma atração do Disney World para o cinema? Além disso, como fazer dar certo um filme que colocaria o esquisitão de Edward Mãos-de-Tesoura ao lado dos iniciantes de Senhor dos Anéis e Driblando o Destino?

Apesar de todas essas dúvidas por parte do público, a Casa do Mickey não segurou na grana e deu a Gore Verbinski liberdade para criar um novo mundo inspirado no brinquedo do parque temático. A estreia da franquia também abriu caminho para Johnny Depp se tornar uma estrela, transformou de vez Orlando Bloom no desejo das jovens no começo dos anos 2000 e catapultou Keira Knightley para a fama (e indicações ao Oscar).

O humor, a ação e a trilha sonora espetaculares do longa nos deixaram de boca aberta e empolgaram o público para as sequências de 2006 e 2007, apesar da franquia ter perdido o fôlego depois do quarto filme, de 2011.

4 - Aquaman (2018)

Personagem mais avacalhado em quase todas as mídias da DC, o Aquaman teve uma pequena promessa de se tornar durão quando Zack Snyder escalou Jason Momoa para interpretar o meio-atlante em Batman v Superman e Liga da Justiça. Apesar disso, o fracasso de ambos os filmes com público e crítica deixaram o futuro de todo o DCEU em dúvida.

A direção de James Wan, especializado em terrores como Jogos Mortais e Invocação do Mal, chegou a ser questionada no meio da produção, com o cineasta precisando desmentir diversos boatos de sua demissão. Apesar de todo o bafafá, Wan seguiu seu trabalho e entregou, talvez, o filme mais divertido do DCEU até agora.

Colorido, Aquaman não se leva a sério em nenhum momento e todos os atores entregam boas atuações, cientes das situações absurdas que estão filmando. Ao lado de Momoa, Amber Heard se diverte tanto quanto o público com a produção e nem sua peruca ridícula a impede de dar seu melhor como Mera. Único lançamento live-action da DC nas telona em 2018, o longa fez cada espectador sair da sala sorrindo e dizendo "eu não esperava me divertir assim".

3 - Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010)

Lembra mais acima, no item 8, quando Edgar Wright teve problemas em Homem-Formiga? Ou do item 7, quando sessões-teste tiveram uma reação adversa a Um Lugar Silencioso? E que tal Kingsman, no item 6, sendo lançado antes da HQ ser finalizada? Pois é, quase tudo isso rolou na produção de Scott Pilgrim Contra o Mundo, que adaptou a série do canadense Bryan Lee O'Malley, sobre um jovem que se apaixona por uma garota misteriosa e precisa enfrentar seus 7 ex-namorados do mal antes de poder engatar um relacionamento sério com a amada.

Conhecido pela famosa Trilogia Corneto, Wright assumiu a adaptação da HQ enquanto a publicação ainda estava em andamento. Seu estilo de direção dinâmico e conhecimento de efeitos visuais o tornaram a escolha perfeita para comandar o longa, mas algumas opções do cineastas iam de encontro com a visão de O'Malley. Ramona, por exemplo, era interpretada de maneira fria e afastada por Mary Elizabeth Winstead, enquanto a garota era mais presente e apaixonada nas páginas do canadense.

Essa diferença fez com que Wright originalmente encerrasse a trama com Scott (Michael Cera) ficando com a ex Knives (Ellen Wong), final aprovado pelo público da sessão-teste. A publicação, porém, encerra com Scott e Ramona juntos, forçando o cineasta a alterar o final do longa.

Não bastasse, o filme foi lançado de maneira independente, alcançando um público pequeno e tendo um prejuízo de 30 milhões de dólares nos Estados Unidos.

Apesar disso, o filme conquistou a crítica e foi indicado a diversos prêmios técnicos, com destaque para a edição, edição de som e para os efeitos visuais maravilhosos, além de finalmente alcançar o sucesso merecido com o lançamento em home-video e serviços de streamming.

P.S.: Olha aqui outra atuação perdida de Brie Larson.

2 - Thor: Ragnarok (2017)

Com histórico de fazer filmes excêntricos, o nome de Taika Waititi na Marvel caiu como uma bomba para a mídia especializada, principalmente depois da novela que foi a demissão de Edgar Wright de Homem-Formiga (o humor está na repetição). Contratar o criativo diretor para a franquia mais fraca do MCU parecia uma aposta pra lá de arriscada.

Thor teve dois filmes medíocres e a mão pesada da Marvel chegou a causar as saídas de Patty Jenkins e Natalie Portman da franquia e a possibilidade de ver Waititi ser podado por Kevin Feige assustava quem esperava uma renascença do asgardiano no cinema. Além disso, diversos rumores indicavam que Idris Elba e Tom Hiddleston já estariam cansados de seus contratos com a Marvel Studios e não queriam voltar para encerrar a trilogia. 

Felizmente, o medo foi calado logo nas primeiras cenas de Thor: Ragnarok, que trouxe leveza e humor para a franquia, além de dar um novo respiro para o herói, que começava a ficar desgastado na mão de diretores que insistiam em caracterizá-lo de uma maneira séria demais. Como se não bastasse, o longa ainda foi responsável por introduzir Tessa Thompson, uma das melhores atrizes desta geração, ao MCU, dando uma credibilidade ainda maior à Marvel.

1 - Deadpool (2016)

Convenhamos, nada apontava para uma boa produção do Mercenário Tagarela. Depois do desastre que foi a (des)caracterização do personagem em X-Men Origens: Wolverine, os planos para adaptar o anti-herói criado por Rob Liefeld foram enterradas por anos, até que, em 2015, um teste de filmagem vazado estrelado por Ryan Reynolds quebrou a internet e fez com que, em 24 horas, a Fox desse luz verde para a produção, com ressalvas.

Deadpool teria orçamento limitado, pouca ligação com o universo estabelecido dos X-Men nos cinemas (que passava por seu reboot com Dias de um Futuro Esquecido) e estrelaria, bem, Ryan Reynolds, que pouco tinha feito além de comédias românticas e aquele péssimo filme do Lanterna Verde.

A curiosidade, porém, pesou mais do que o medo, e o público foi em legiões se surpreender (e se divertir) com o longa do Mercenário, que se tornou a maior bilheteria mundial de um filme para maiores, garantindo não só a bem-sucedida sequência, como também abriu as portas para um possível filme da X-Force, equipe de operações especiais dos X-Men.

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