À esquerda, atriz virtual criada por inteligência artificial em Hollywood; à direita, Mia Hikari, primeira modelo digital lançada no Brasil pela revista masculina Bella da Semana. |
No Brasil, um episódio semelhante já havia causado polêmica. Em 2023, a revista masculina Bella da Semana lançou Mia Hikari, a primeira modelo digital do país. O ensaio, composto por 92 imagens geradas por IA, foi divulgado como uma inovação, mas provocou forte reação. Modelos reais criticaram o projeto, alegando que a iniciativa diminuía o espaço das profissionais de carne e osso, enquanto leitores questionaram se a beleza artificial não reforçava padrões inalcançáveis.
Na época, o CEO da publicação, Alexandre Peccin, defendeu a proposta.
“Mia Hikari foi pensada para ser mais do que um rosto bonito: queríamos construir uma personalidade digital, com história e autenticidade próprias”, afirmou.
Mesmo assim, ele reconheceu o impacto imediato:
“Recebemos mensagens de modelos dizendo que não queriam mais ser associadas à marca, enquanto outros leitores aplaudiram a ousadia. Ficou claro que a IA desperta fascínio e medo ao mesmo tempo.”
Mais do que uma tendência tecnológica, os casos mostram que a chegada de atrizes e modelos digitais já provoca mudanças reais no mercado do entretenimento. A discussão toca em pontos sensíveis — como autoestima, autenticidade e futuro das profissões criativas.
Entre o fascínio e a resistência, a inteligência artificial deixou de ser uma curiosidade e se tornou um divisor de águas na cultura pop.