Cinema

Koe no Katachi , a animação que salvaria sua redação do Enem 2017

Animação está na lista 23 pré-indicados ao Oscar 2018.


É indiscutível o sucesso mundial de Your Name em 2017 (foi lançado originalmente em 2016 no Japão), mas teve uma animação japonesa que acabou passando despercebida pelo grande público em meio ao vendaval da obra de Makoto ShinkaiKoe no Katachi (A Voz do Silêncio), dirigido por Naoko Yamada ( K-On! ).


Exibido pelos cinemas japoneses em Setembro de 2016, Koe no Katachi é baseado no mangá de mesmo nome escrito por Yoshitoki Oima entre 2013 e 2014 com sete volumes, sendo que no Brasil a editora NewPOP começou a publicá-lo em meados de 2017. O estúdio responsável pela adaptação foi a Kyoto Animation, bastante conceituada pela qualidade de suas produções. Apenas localmente a bilheteria arrecadada chegou a 19 milhões de dólares.

A história acompanha Shouya Ishida, um garoto do primário que começa a fazer bullying com Shōko Nishimiya, que tem problemas de surdez ao ponto da garota se transferir de escola. Anos mais tarde Ishida encontra Nishimiya e tenta concertar seus erros mostrando o quão errado eram suas atitudes.

Abordar o bullying e suas consequências é uma das maiores competências da obra. O peso de cada ato de Ishida com Nishimiya é cruel, e quando seus colegas o usam como bode expiatório da sala e começam a praticar bullying no garoto percebemos o realismo desse tipo de comportamento que infelizmente acontece nos mais diversos ambientes escolares mundo afora. O agressor de hoje pode ser o agredido de amanhã.

Ao abordar o amadurecimento de Ishida na busca por redenção após ter passado por situação semelhante à de Shōko demonstra que nem sempre o bullying é tratado com sua devida importância na sociedade. Num primeiro instante o agressor não reconhece suas atitudes abusivas por mera desinformação que tais atos provocam, ou por achar que toda brincadeira é apenas brincadeira. Nishimiya é uma personagem que jamais baixa a cabeça, embora no fundo se sinta culpada por conta dos abusos sofridos contra ela. É palpável perceber que muitas vezes a vítima toma a responsabilidade pra si nesses casos, podendo cometer suicídio.

A linguagem de sinais utilizada no filme merece elogios. O contexto trabalhado nesse sentido expressa de forma bastante fiel os desafios de Nishimiya para se comunicar com outras pessoas que possuem pouco ou nenhum entendimento do alfabeto de sinais, algo que deficientes auditivos encaram diariamente ao longo da vida. Como curiosidade o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017 foi  "Desafios para Formação Educacional de Surdos", então assistir essa animação teria ajudado bastante na prova ( Pra quem acha que anime é inútil eis um belo argumento).

O fator negativo se dá pelo pouco tempo no desenvolvimento dos personagens secundários, ficando até compreensível por conta do tamanho do mangá ( 63 capítulos em 2 horas de animação). Para quem se interessou nesse breve review segue trailer legendado a seguir :





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