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Diversidade: A importância da representatividade nos quadrinhos

Em um mundo real recheado de diversidade, qual a importância de os quadrinhos englobarem tal diversidade em seu mundo?


A vida está repleta de pessoas diferentes, todos possuem seus gostos e peculiaridades e, por possuirmos estas diferenças, procuramos fontes às quais nos identificamos e nos inspiramos. Daí a grande questão acerca da representatividade nos quadrinhos.

Grande parte dos personagens foi criada para que representassem nossas vontades, de acordo com a época, como no caso do Capitão América: o soldado perfeito, herói da Segunda Guerra Mundial.
Ao longo dos anos, os quadrinhos foram quebrando inúmeras barreiras por iniciarem a abordagem a outros assuntos além das batalhas de heróis contra vilões. Sendo que, uma evolução natural foi abordar a diversidade cultural e étnica nos quadrinhos. Contudo, isso provocou muitos debates e discussões ao passar dos anos, afinal, o mundo sempre enfrentou uma batalha contra o preconceito e a descriminação.
Dentro de tantas histórias, algumas se destacam pela coragem e inteligência de trabalhar questões socioculturais em seu enredo e com seus personagens, na época em que foram criados:

Mulher Maravilha

A primeira heroína foi criada pelo Dr. William Moulton Marston, com o pseudônimo de Charles Moulton, um psicólogo com título de PhD da Universidade Harvard, teórico feminista e inventor, quando idealizou criar uma personagem forte que, além de usar a força e poderes, também usaria o amor para vencer.
Partindo deste pensamento, junto com a sugestão de sua esposa em criar esta personagem como sendo uma mulher, William deu vida à Mulher Maravilha, a qual teve o objetivo de remover a ideia que as mulheres são inferiores aos homens, além de servir de exemplo para meninas, mostrando que elas podem ter várias conquistas, principalmente nas áreas que eram tidas como masculinas na época.

Primeiras aparições da Mulher Maravilha
Wonder Woman Nº 1, 1942 (Primeria revista solo) - Sensation Comic Nº 1, 1942 (Primeira história completa) - All Star Comics Nº 8 (Primeira aparição)

X-men

Anjo salvando uma criança Mutante
(Arte da capa da HQ Marvels Nº2)
Stan Lee, o criador do famoso grupo de heróis, afirmou em entrevistas que as histórias da equipe têm como objetivo ser contra o preconceito e à descriminação, mostrando a luta pela aceitação dos mutantes na sociedade “comum”.
Em suas histórias, os mutantes sofrem perseguições pelo medo que a humanidade sente deles, lembrando, assim, o período do Movimento de Direitos Civis dos Estados Unidos entre as décadas de 50 e 80, sendo assim, o Professor Charles Xavier é uma versão de Martin Luther King para os mutantes, enquanto Magneto seria a versão de Malcolm X.
Mais uma questão importante abordada pelas histórias do universo X-men, foi o primeiro casamento homoafetivo da editora Marvel: entre o mutante Northstar (Estrela Polar) e seu namorado Kyle Jinadu, que não possui poderes. Em um período de votação e legalização do casamento homoafetivo nos Estados Unidos.

Capa da Edição Nº 51 de Astonishing X-men (Casamento de Northstar e Kyle)

The Authority

Antes do casamento de Northstar, o primeiro a casamento homoafetivo dos quadrinhos ocorreu dentro do universo de WildStorm, publicado pela DC Comics, onde os heróis Apollo (Uma versão de Superman para o universo Wildstorm) e Meia-Noite (Uma versão de Batman), do grupo The Authority, se casam e adotam uma filha.

O Casamento de Apollo e Meia-noite

Pantera Negra, Falcão e Luke Cage

Outra contribuição importante da Marvel para a diversidade nos quadrinhos foi criar o primeiro super-herói negro: o Pantera Negra, em 1966.
Já em 1969, a Marvel cria o Falcão, o primeiro herói afro-americano, que é o amigo e ajudante do Capitão América, o qual, nos dias de hoje, está em posse do manto do próprio Capitão.
Mas foi apenas em 1972 que a Marvel trouxe o primeiro super-herói afrodescendente a ter a sua própria revista: Luke Cage, que já participou da equipe Os Defensores e também já liderou por um tempo Os Vingadores.

Fantastic Four Nº 52 (Primeira aparição do Pantera Negra), Captain America Nº 117 (Primeira aparição do Falcão) e Luke Cage, Hero for Hire Nº 1 (Primeira aparição de Luke Cage)
Assim é visto que a diversidade no universo das histórias em quadrinhos é indispensável: eles refletem nosso mundo em suas páginas e nosso mundo não é preto e branco, mas sim cheio de cores. Quando lemos essas histórias queremos ver algo ao qual nós podemos nos identificar e nos espelhar.
Então, que surja mais diversidade!
Novas Mulher Maravilha, novos X-men, novos Apollo e Meia-Noite, novos Luke Cage e novos outros tantos heróis “diferentes”, para que assim seja mostrado para velhos e novos leitores que o mundo é diversificado e, principalmente, que é essa diversificação que nos faz melhores!

Fontes:

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