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Crítica: Dias Perfeitos - Raphael Montes

Sangue, fuga e muita psicopatia fazem parte dessa brilhante obra nacional


Um encontro inocente pode deixar a vida de ponta cabeça. É o que acontece em Dias Perfeitos, obra do carioca Raphael Montes, que está se tornando referência no mercado nacional quando o tema é suspense.

Dias Perfeitos conta a história do estudante de medicina Téo. Ele tem poucos amigos. Poucos mesmo. A situação é tão extrema que sua melhor amiga é um cadáver da aula de anatomia. Perturbador? Isso não chega nem perto da continuação do livro. Téo conhece uma linda jovem chamada Clarice e se apaixona perdidamente por ela – no melhor estilo do extinto Linha Direta, da Rede Globo. Após conhecê-la, ele faz de tudo para estar presente em sua vida e, como todo bom psicopata, consegue.


Logo no início da trama, Téo não contém os impulsos e se aproxima de Clarice, o que inicia uma perseguição velada dele para tentar encontrar-se com ela. Após apenas um encontro, em que Clarice o trata apenas com educação, Téo perde o controle e acredita estarem destinados a um futuro maior e melhor. E, como Clarice não compartilha dessa mesma ideia que ele, o jovem a sequestra, amarra e a leva para casa. A trama continua com cenas de abuso, tortura, estupro e violência. Para Téo, tudo em nome do amor. Já para Clarice: uma tortura sem fim. A loucura do jovem é tanta que ele se imagina como um dos mais loucos apaixonados e dedica músicas de Caetano Veloso como sua trilha sonora particular com Clarice – que está sendo forçada a participar desse “relacionamento”.

Os personagens são bem construídos. A sensação de realidade está presente na ação e reação dos personagens nos mais diversos cenários apresentados. Eles são testados a todos os momentos e em situações extremas, com assassinatos, tentativas de fugas e reviravoltas de tirar o fôlego. Téo é descrito de forma brilhante como um sociopata - e mais tarde descobrimos sua psicopatia - sem empatia alguma pelos seres vivos em geral. As interações dele com a mãe, já debilitada, e seu fiel cachorro deixam claro a falta de sentimentos do personagem.



Raphael Montes, o autor, sabe o que faz. Ele possui uma escrita fluida que facilita a leitura e intriga o leitor. Em apenas dois dias é possível devorar as 280 páginas da história de Téo e Clarice.  Essa é a segunda obra publicada por ele. Seu livro de estréia foi Suicidas, indicado para o prêmio Benvirá de Literatura de 2010. Outros dois livros já foram lançados após Dias Perfeitos, são eles: Jantar Secreto e O Vilarejo. O brasileiro, natural do Rio de Janeiro, nasceu em 1990, é advogado e escritor.

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