Cinema

Crítica: Como É Cruel Viver Assim (no Brasil)

Julia Rezende apresenta uma nova linguagem comparada aos seus trabalhos mais recentes

Vladimir (Marcelo Valle) é um chefe de família desempregado. Sem conseguir trabalho e ainda tendo que lidar com a frustração de não conseguir pagar uma festa de casamento para sua mulher Clívia (Fabiula Nascimento), ele aceita a ideia de Regina (Déborah Lamm) de sequestrar um ricaço para saírem de suas situações cruéis.


O roteiro é bem construído, dá espaço para entendermos como cada personagem pensa, e isto é feito da melhor forma possível: através dos diálogos. Os diálogos são inteligentes e ao mesmo tempo corriqueiros. O público pode se sentir próximo dos personagens não só pela situação em que se encontram, mas como identificação humana.

A relação entre os personagens é envolvente. Isto começa no roteiro e se totaliza na direção de Julia Rezende (Meu Passado Me Condena 2: O Filme, 2015). O trabalho de direção é sutil e ao mesmo tempo inteligente em alguns planos. Na verdade, a linguagem que a diretora buscou para este filme é um realce notável comparado a outros trabalhos.

"Clívia é a personagem mais feliz" - Fabiula Nascimento em entrevista coletiva

O desenvolvimento e a evolução de Vladimir são completos. Apesar de parecer que no final ele pareça estar no mesmo ponto dramático do início do filme, ele conclui sua jornada dando mais valor ao que ele tem com sua mulher. Os outros personagens não se desenvolvem (com exceção de Primo que tem um arco interessante), mas fogem do estereótipo construído na primeira impressão deles. Regina, que é a malandra, se mostra humana quase no fim; Clívia, a sensível e a sonhadora, é a mais realista e entende que é feliz com o que tem; Flávio (Milhem Cortaz), o bandido casca grossa, é sensível e quer casar.

Como tudo é difícil na vida dos personagens, o plano do sequestro não parece algo simples. Sem ter conhecimento de como construir seu projeto, Vladimir vai buscar ajuda de Luiz (Paulo Miklos) que é o contato direto do chefão do crime conhecido como Velho (Otávio Augusto). O atrapalhado Primo (Silvio Guindane) se torna seu braço direito, mas os dois estão sempre brigando e quase põem tudo a perder por conta de uma discussão boba.

Da esquerda para direita: Marcelo Valle, Deborah Lamm, Julia Rezende, Fabiula Nascimento, Mariza Leão (produtora), Milhem Cortaz, Silvio Guindane.

A comédia dramática de Julia Rezende é atual. Apesar de, em entrevista coletiva, a diretora afirmar que no inicio do projeto o Brasil se encontrava em outro cenário, o longa traz uma realidade cruel e uma mensagem forte para a dualidade social que estamos vivendo hoje. Vale conferir nos cinemas.

Ficha Técnica


Nome: Como É Cruel Viver Assim
Origem: Brasil
Ano de produção: 2018
Lançamento: 16 de agosto de 2018
Gênero: Comédia/Drama
Classificação: 12 anos
Direção: Julia Rezende
Elenco: Marcelo Valle, Fabiula Nascimento, Deborah Lamm, Silvio Guindane, Milhem Cortaz, Otávio Augusto, Paulo Miklos


É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.


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