Crítica - The Flash: 6ª temporada

Sexta temporada de Flash começa promissora, mas execução lenta e diálogos cansativos estragam uma ótima história.

The Flash foi uma das primeiras séries que eu passei a acompanhar semanalmente, ainda com meus 14 anos. Embora ela sempre terá um carinho especial para mim, é notável que os anos mais recentes, não somente da série, como de todo o Arrowverse, tem um roteiro bem aquém do esperado. Devido à crise causada pela Covid-19, as gravações foram interrompidas e o 19° episódio, exibido no último dia 12, passou a ser o final da temporada. Nos resta saber se esta sexta temporada consegue compensar o sabor amargo deixado pelos episódios anteriores.

A primeira parte, antes da Crise nas Infinitas Terras, tinha como função apresentar as histórias que seriam exploradas após o crossover e ser um aquecimento para o próprio enquanto traz a ameaça de Ramsey Rosso/Bloodwork (Sendhil Ramamurthy) para estes 8 episódios iniciais. A segunda parte foca mais no mundo pós-Crise, com as novas versões de antigos vilões da série, como Doutora Luz e Tartaruga, na investigação da Blackhole, uma organização criminosa que faz experimentos com metahumanos para usá-los como assassinos e a introdução da nova Mirror Master, Eva McCulloch (Efrat Dor).

O aspecto mais intimista dado a ambos os vilões (Ramsey queria achar a cura para sua doença incurável, Eva queria vingança por seu marido ter tomado sua empresa após ficar presa no Mirror World) conquista, ainda que por agora, por fugir de algo megalomaníaco e, como não foram inteiramente derrotados, o retorno deles na 7ª temporada é certo e bem-vindo, desde que esse tratamento se mantenha.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito...
É fácil dizer que a primeira parte cumpre com esplendor seu trabalho. Mesmo com alguns episódios semi-fillers, a produção conseguiu entregar uma atmosfera dramática condizente e na medida, exploraram o lado dramático do Grant Gustin sem parecer caricato e Bloodwork provou seu valor como vilão ao conseguir fazer o Barry se virar contra a Speed Force no muito bem feito Last Temptation of Barry Allen 1 e 2.

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito para a segunda parte, pois a grande quantidade de fillers afetaram a história da Eva, tornando algo antes interessante e diferenciado, agora arrastado e cansativo. Tais episódios somente foram justificativas desnecessárias para trazer de volta Thawne, Goldface, Amunet e Grodd, deixando os últimos 5 minutos para dar um avanço significativo. O único que foge disso e realmente se conecta com a história da Blackhole é Rag Doll (que nunca decepciona).


Cara de perdida e confusa, mas só a cara mesmo
Para piorar a situação, o nível de suspensão de crença que a série pedia em muitos momentos era ridículo. Como você quer que eu acredite que o Barry conviveu 2 meses com um clone espelhado da esposa e ele não percebeu sendo que os sinais eram claríssimos, como a falta de preocupação com o bem estar do pai, tomar decisões impulsivas e ainda tentar sair por cima disso e cozinhar bem (ESSE ERA O MAIS ÓBVIO)?

Por falar na jornalista, ela também não fica atrás do marido. Ela está presa em uma dimensão alternativa. Como que a Iris não pensa na possibilidade da única pessoa que está junto a ela e que também já mostrou, ainda que limitadamente, acessar o mundo normal, tê-la puxado? E como ela ficou 8 semanas sem notar um botão não tão bem escondido na lateral do espelho?

E eu ainda tenho que falar do episódio final cuja direção, principalmente nas cenas de batalha, foi horrível. Muitas vezes eu me perguntei se aquele era o trabalho de um iniciante, mas quando até a Danielle Panabaker, na temporada passada, conseguiu entregar um trabalho mais competente em seu primeiro trabalho, só é sinal da falta de bom senso. Só dê uma olhada:



Para não dizer que houveram apenas decepções nessa segunda leva de capítulos, o retorno de Wally West (Keiynan Lonsdale) foi um belo episódio que deu início aos plot da próxima temporada, já que, como a Speedforce se foi devido à Crise, podemos torcer para que Barry volte a atuar como CSI (até me esqueci que ele era um perito) para conseguir combater os próximos vilões enquanto tenta criar uma Força de Aceleração Artificial assim como Thawne.

Fora que, além de Bloodwork e Mirror Master,  Godspeed, depois de dois anos de teasers e aparições menores como vilão da semana, foi praticamente confirmado como um dois vilões principais do próximo ano, além de que pegará alguns elementos da versão dos quadrinhos de Savitar, como o culto que o segue e deseja a velocidade do Barry.

O fato de que, em um ep, o Wally desconfiou da Mirror Iris
mais do que o Barry em 8 é simplesmente deprimente.
Em relação ao elenco, Ralph e Caitlin, sem maiores dúvidas, conseguiram fugir desta desorganização com suas histórias que deram o fôlego e dinamismo necessários. Enquanto o Homem Elástico se envolveu em um divertido jogo de jogo de gato e rato ao investigar o não tão desaparecimento de Sue Dearborn, sua esposa do quadrinhos, a pedido de seus pais, Caitlin ganhou a interessante decisão de dar à Frost uma vida própria com direito a Ralph como seu coach pessoal.

Cecile, mesmo com um tempo de tela menor que os dois, também merece destaque por sua participação pontual. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito pelo lado dos demais. Cisco e Joe, mas especificamente o policial na primeira parte e o cientista na segunda, tiveram notáveis reduções de tempo de tela e impacto na trama e Nash Wells parece não tem um motivo claro para estar lá exceto o contrato do Tom Cavanagh. Até existe uma tentativa de torná-lo relevante ao torná-lo receptáculo de todo os Wells do multiverso, além de dar um passado trágico envolvendo uma das duplicatas da Allegra, mas não empolga.


Facilmente a melhor coisa que aconteceu nessa temporada foi a história desses dois
Mesmo explorando o lado mais dramático de seus atores e provendo efeitos visuais muito bons para os padrões da série (algumas cenas são dignas de aplausos), ao se prender aos mesmos discursos empáticos que, por mais que diferencie Barry do outros heróis, já estão bastante batidos, o roteiro consegue azedar algo que começou doce e parecia que não iria enjoar com o tempo. Mas não sei porque esperei algo diferente vindo da CW.

Com todas as séries do Arrowverse adiadas para 2021, será uma longa espera para obter algumas respostas.
Se elas serão satisfatórias, o caminho é mais longo ainda.

Escreve para o GeekBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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