Livros

Resenha: Como sobreviver à realeza

Uma comédia romântica com direito aos melhores clichês de uma forma totalmente nova


Romances clichês muitas vezes não trazem nada de inovador, e embora eu ame histórias água com açúcar, algumas leituras, como John Green e Nicholas Sparks, me afastaram do gênero por algum tempo. 

Cheguei até mesmo a acreditar que não era mais fã de adolescentes se apaixonando estupidamente e deveria, portanto, partir para outras narrativas. Isso até Rachel Hawkins escrever Como sobreviver à realeza e me provar que ainda tem como criar e cativar em cima de clichês. 

Ao contrário do que eu pensava, as comédias românticas não morreram com os anos 2000. Elas estão mais do que prontas para voltar à ativa, renovadas da cabeça aos pés, mas com todos os elementos que nós nunca deixamos de amar.

Sinopse:

Já imaginou sua irmã noiva... de um PRÍNCIPE?
Como sobreviver à realeza é o primeiro livro da duologia Royals, que precede o aguardadíssimo Sua Alteza Real (Her Royal Highness).
Perfeito para fãs de Jane Austen, O diário da princesa e com um toque de Gossip Girl, o livro conta a história de Daisy Winters, uma adolescente americana de cabelos vermelhos que trabalha em uma loja de conveniência e é completamente comum. Exceto pelo fato de que sua irmã mais velha (e perfeita), Ellie, está noiva do herdeiro da Coroa escocesa.
Apesar do esforço de se manter longe da nova vida de sua irmã e dos holofotes, Daisy acaba indo parar nas manchetes dos tabloides e é convidada ― ou melhor, intimada ― pelo palácio a passar suas férias na Escócia. Para se adaptar à nova realidade, o charmoso Miles é escalado para ensiná-la tudo sobre o mundo da família real. A Coroa fará de tudo para transformar Daisy em uma dama... mas ela pode acabar reescrevendo o livro de regras seculares da realeza.

Daisy Winters leva uma vida normal com seus pais na Flórida. Aos dezessete anos, ela está no ensino médio, trabalha como caixa no mercado Sur-N-Sav e tem como planos de verão viajar para Key West com sua melhor amiga, Isabel, para ser totalmente nerd na KeyCon. Isso até sua irmã mais velha ficar noiva do príncipe da Escócia e sua vida virar de cabeça para baixo – definitivamente.

Agora que o casamento está marcado, Daisy começa a chamar a atenção da mídia e se vê obrigada a passar o verão na Escócia para finalmente conhecer a família de seu futuro cunhado. Depois de tanto tempo, a garota sempre achou que a irmã tinha uma vida perfeita e não juntava a família do namorado com a dela por vergonha de seus pais. 

O que ela não esperava, contudo, era perceber que a vida de Ellie é mais conturbada do que parece, e que as revistas não mostram a verdade sobre a realeza. Durante o verão, Daisy vai conhecer príncipes, marqueses e duques que parecem ter sido esculpidos, descobrir como é a vida no palácio e perceber que é tudo apenas uma questão de aparências.

Como sobreviver à realeza revive o clichê de príncipes encantados de um jeito totalmente novo. Com uma protagonista desbocada, engraçada e sem medo de ser ela mesma, encontramos aqui uma história cheia de reviravoltas inesperadas e romance na medida certa.


A maior dificuldade de narrativas como essa, na minha opinião, é conseguir dosar a comédia e o romance de uma forma que não fique forçado e nem doce demais, e para isso Rachel Hawkins provou ter talento. A escrita da autora é gostosa de ler, fluida, suave e ousada, e é perceptível o quanto escrever esse livro deve ter sido divertido para ela. 

É o tipo de livro que não dá vontade de parar de ler até chegar ao fim, e quando ele chega, nós queremos mais e mais e mais. Felizmente, há um segundo volume, mas essa série de livros não tem continuações diretas, os livros apenas se passam no mesmo universo. Então, o ponto de vista de Daisy acaba por aqui.

Publicado pela editora Alt, o livro foi impresso em papel pólen soft 70 mg/m², o que significa que ele não é nada áspero e as folhas são amareladas e não muito finas. A tradução, que ficou por conta de Isadora Sinay, conseguiu captar muito bem o estilo de escrita da autora e trouxe as falas e pensamentos de Daisy para um outro nível do português, tão bem adaptado que fiquei de boca aberta. Acho que a preparação poderia ter resolvido uma coisinha ou outra, mas nada muito chamativo.

Por fim, o único deslize que a editora cometeu, talvez, foi ter feito apenas uma revisão em vez de duas; algumas frases poderiam ter sido melhor pontuadas, por exemplo, e houve algumas falhas em relação à organização dos diálogos – mais uma vez, nada que atrapalhe a leitura, apenas detalhes para se atentar.

No mais, o trabalho da Alt com esse livro foi apenas incrível, e não há nada no projeto gráfico que eu melhoraria. Uma salva de palmas especialmente para a capa, que é perfeita, e para a tradução do título, que ficou infinitamente melhor do que o original (Prince Charming).

Com Como sobreviver à realeza, Rachel Hawkins conquistou mais uma leitora fiel. Por mim, ela poderia escrever tantos livros quanto Mag Cabot escreveu para O diário da princesa que eu não iria me importar. Divertido, fofo, clichê e por vezes surpreendente, a história de Daisy vai encantar corações, um romance adolescente contemporâneo mais do que recomendado para os que sentem falta de uma ótima obra do gênero.

Ficha Técnica


Título: Como sobreviver à realeza
Título original: Prince Charming
Autor: Rachel Hawkins
Tradução: Isadora Sinay
Editora: Alt
Edição: 1ª ed., 2020

Estudante de Letras – Português-Inglês na UFMG, mas mora em São Paulo. Amante de arte independente, mas vê tudo o que é mainstream. Assiste a filmes, séries e animes, mas também lê livros e ouve música o dia todo. Diz que quer ser escritora, mas nunca escreveu uma palavra na vida... Quer dizer, só algumas.


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