Livros

Resenha: Os diários de Carrie

Independente de quantos anos você tenha, em algum momento deve ter ouvido falar sobre Sex and the City . A série e os filmes, com Sarah Jess... (por Karoline Melo em 31/12/2021, via GeekBlast)


Independente de quantos anos você tenha, em algum momento deve ter ouvido falar sobre Sex and the City. A série e os filmes, com Sarah Jessica Parker no papel principal, tiveram seu auge de sucesso entre os anos 1990 e 2000, mas nunca saíram da boca do povo – não por acaso a série teve revival.

Os livros, pelo contrário, não fizeram tanto sucesso assim. Apesar disso, Candace Bushnell foi, através da escrita deles, a responsável por dar vida à Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, e, anos depois, decidiu dar uns passos para trás e lançar uma duologia contando como era a vida de Carrie antes de Nova York, quando apenas sonhava em morar na cidade grande e ser uma escritora de sucesso. Em Os diários de Carrie, vemos tudo acontecer.

Sinopse:

Para quem se apaixonou pelas aventuras de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, de Sex and the City, agora é a hora de saber como tudo começou. Abra o diário de Carrie e descubra o que levou a jovem até a Big Apple, como se tornou escritora e outros segredos de uma das mais emblemáticas personagens da nossa geração. O livro começa no último ano do colegial de Carrie. Ela e sua melhor amiga são inseparáveis, até que Sebastian Kydd entra em cena. Sebastian é um garoto mais velho, intrigante e imprevisível; e Carrie se entrega a um relacionamento que ela sempre quis ter. Com os dias de colegial chegando ao fim, Carrie deve perceber que é hora de ir atrás de tudo que ela sempre quis.

Carrie Bradshaw está no último ano do Ensino Médio, e, diferente de suas amigas, não tem um namorado e ainda por cima é virgem. As coisas pioraram ainda mais para ela quando sua mãe faleceu e as pessoas começaram a olhá-la com pena.

Se não bastasse tudo isso, Carrie está sendo pressionada pelo pai a estudar na mesma faculdade que ele, a Universidade Brown, mas enquanto ele quer que ela seja cientista, Carrie quer ser escritora.

Contudo, as coisas começam a mudar, quando Sebastian Kydd, a antiga paixão de Carrie, volta para a escola e começa a arrasar com o coração de todas as garotas – inclusive o dela.

Confuso como apenas a adolescência consegue ser, Os diários de Carrie nos mostra jovens dos anos 1980 sendo quem são: um pouco loucos, ligeiramente ansiosos e um tanto quanto inconsequentes, mas, acima de tudo, intensos. Regado de álcool, drogas e brigas por garotos, o livro leva ao leitor questionamentos a respeito de o que se passa na cabeça dessas personagens para agirem assim. Coisas como essas, porém, nem sempre dão para explicar.

Meus sentimentos em relação ao livro de Bushnell são mistos. Para começar, sempre tive curiosidade em ver as séries Sex and the City e Os diários de Carrie – esta lançada em 2013, quando eu estava na adolescência, e cancelada apenas duas temporadas depois –, mas nunca cheguei a fazê-lo. Por isso, não sou nem de muito longe uma fã ou sequer uma admiradora. Sou, no máximo, uma entusiasta, e isso não diz muita coisa quando estamos falando de um livro como esse.

Embora Os diários de Carrie tenha uma escrita fácil de ler e que prende o leitor por mais que a história esteja uma droga, é um livro feito para os fãs. Nada, absolutamente nada parece acontecer. Tinha um milhão de detalhes para serem desenvolvidos, e o que temos na verdade é uma Carrie totalmente focada em Sebastian Kydd do começo ao fim.

Se nas primeiras páginas ela só sabe falar sobre perder a virgindade, quando ela de fato tem a chance, esquece totalmente do tanto que ela queria, o que, para ser sincera, é meio que bom, porque ela é muito chata.


Acredito que muitos dos temas abordados pela autora sejam interessantes, como a pressão para perder a virgindade, aborto, autodescoberta da sexualidade – embora o conceito de bissexualidade pareça não existir  –, pressão dos pais para seguir determinadas carreiras, etc.

O problema, de fato, foi que a autora não trabalhou em cima de nenhum deles. E por mais que Carrie comece a história recebendo um não para o programa de escrita que ela quer fazer, tudo parece muito fácil, principalmente quando ela é o tipo de escritora que não escreve. Nunca. Jamais. Só quando necessário.

Além disso, os relacionamentos românticos que Carrie desenvolve ao longo da narrativa são totalmente tóxicos e ridículos. Questões que poderiam ser facilmente resolvidas com um simples diálogo se prolongam por páginas e mais páginas.

Por fim, se fala tanto da palavra feminismo ao longo do livro, mas as atitudes das personagens femininas em nada condizem com o movimento, muito pelo contrário, o que torna tudo ainda mais decepcionante.

Em se tratando de projeto gráfico, acho muito legal a capa ser dourada; isso faz com que ela seja chamativa, deixando-a um pouquinho mais bonita, porque eu, particularmente, não sou muito fã dessa bolsa com “CARRIE” escrito em rosa.

Tanto a tipografia quanto o tamanho da letra são agradáveis para a leitura, e o papel off-white tem uma gramatura boa – talvez incomode os que preferem uma textura mais lisa para o papel, mas eu particularmente acho essa folha áspera melhor para passar as páginas.

A impressão, assim como muitos livros da Galera Record impressos na mesma época, tem algumas falhas, impossibilitando ler algumas letras, mas nada que de fato estrague a experiência de leitura.

A tradução, feita por Alda Lima, ficou muito boa, e sobre isso não tenho o que reclamar. Aliás, elogio a tradutora por ter tido paciência de traduzir essa história, porque eu já teria dado um jeito de me enfiar no livro e socar a cara da Carrie na página 3.

Não me lembro de ter achado muitos problemas com a revisão e a preparação, também, além da falta de algumas vírgulas e coisas do tipo, mas, por ser um livro jovem, não é nada chamativo ou estressante.

Os diários de Carrie, de Candace Bushnell, é um livro que dá para ler rapidamente; isso, todavia, não significa que ele é bom – muitas vezes, fui movida pela força do ódio e pela força do ódio somente, mas ainda assim.

Não foi uma das piores experiências de leitura que tive na vida, mas Carrie é muito irritante e isso fez com que minha nota para o livro caísse bastante; apesar disso, todas as suas idiotices fazem dela uma pessoa quase real.

Talvez por isso e principalmente porque eu já tinha comprado, ainda tenho algum tipo de interesse em ler a continuação, O Verão e a Cidade, mas, ao menos que você seja fã da série, não é uma duologia que eu recomendaria.

Ficha Técnica


Título: Os diários de Carrie
Título original: The Carrie Diaries
Autor: Candace Bushnell
Tradução: Alda Lima
Editora: Galera
Edição: 5ª ed., 2015

Estudante de Letras – Português-Inglês na UFMG, mas mora em São Paulo. Amante de arte independente, mas vê tudo o que é mainstream. Assiste a filmes, séries e animes, mas também lê livros e ouve música o dia todo. Diz que quer ser escritora, mas nunca escreveu uma palavra na vida... Quer dizer, só algumas.


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