Documentário Gordos não vão para o céu – Qual o poder de escolha de uma pessoa gorda?

Documentário conta a história de 3 mulheres gordas e o esforço que fazem para serem aceitas numa sociedade regida por padrões de beleza inatingíveis














Em agosto do ano passado uma jovem foi barrada na entrada de uma casa noturna de Miami. O motivo? Seu peso.

A jovem Fallon Melillo, de 27 anos, protestou nas redes sociais e suas postagens viralizaram de tal forma que acabaram por fomentar o debate sobre corpos fora do padrão. Já que gordos enfrentam problemas nas festas, no mercado de trabalho, no transporte público, nos consultórios médicos, nas relações sociais, etc. Consequência de um padrão de beleza que exclui grande parte da população.

Fallon Melillo

A boa notícia é que movimento contra a gordofobia está crescendo, e cobrando a integração ampla, geral e irrestrita dos corpos gordos em todas as camadas da sociedade.

Um debate que faz parte da narrativa do documentário “Gordos não vão para o céu”, em fase de finalização por um grupo de alunos do curso de Produção Multimídia da UniSanta. Pois, o que era para ser só um trabalho de conclusão do curso, se tornou algo maior.


Gordos não vão para o céu é mais que um documentário

Quando a roteirista e diretora percebeu o tamanho do impacto do tema e a qualidade da produção desenvolvida, começou a sonhar com premiações em festivais, além de considerar uma possível expansão do conteúdo, no caso o desenvolvimento de uma série.

O documentário “Gordos não vão para o céu” conta a história de três mulheres gordas e o esforço que fazem para serem aceitas numa sociedade regida por padrões de beleza inatingíveis. Suas vivências e sobrevivências dentro da construção social do que é belo e do padrão normativo de um ideal de beleza impossível. Perfeição compulsória, que sufoca, delimita e oprime. Além disso, reportagens, estatísticas e pesquisas também compõem a narrativa.

Os padrões de beleza são fortemente estimulados pelo patriarcado, assim como fazem parte dos dogmas que interferem na existência de vários grupos. Para mostrar como esses dogmas afetam a vida de pessoas gordas o documentário costura comentários de artistas e profissionais da saúde.

Ainda “Gordos não vão para o céu – Qual o poder de escolha de uma pessoa gorda?” sugere uma nova perspectiva à pressão estética sobre os corpos acima do chamado “peso ideal”.

A roteirista e diretora do documentário Mariana Mussi dos Santos Infanti, de 37 anos, que lida com a gordofobia desde a infância, também dá o seu testemunho e conduz a linha narrativa. Profissional do audiovisual que tem trabalhos indicados e exibidos em festivais como Curta Santos, Santos Film Fest, Mostra Fiocruz, Festival do Minuto e já dirigiu e produziu diversas ficções do audiovisual.

Para Mussi é de “extrema importância” um registro como esse, que aborda na sua totalidade as origens da gordofobia. Consequências no dia a dia das pessoas que não atendem os padrões de beleza e o impacto social dos movimentos a favor do corpo livre.


Precisamos refletir sobre os impactos da gordofobia

Além de ser um marco e propor a discussão e reflexão sobre o tema, o documentário servirá para ampliar projetos de acessibilidade e, principalmente, a criação de leis de proteção e antidiscriminação, que não existem no Brasil.

“Uma vida tardia”. O “Gordo feliz”. “Coisa de gordo”. “Gordice”. Na Idade Média, a igreja passou a considerar a gula como um dos sete pecados capitais. Segundo estudos da Universidade de Marburgo e Leipzig, gordos são mais estigmatizados, casam-se menos, têm menos oportunidades educacionais e de carreira e vivem com renda menor que as pessoas identificadas como “padrão”. Discriminação que impacta a saúde física e emocional dessas pessoas.

Outra pesquisa recente de uma marca de cervejas apontou que a gordofobia, ainda que velada, esta presente rotina de 92% da população brasileira. Sendo que só 10% assumem seu preconceito.

A sobrevivência dentro de um mundo que não é feito para você existir. A invisibilidade ou se tornar o centro das atenções. Da desumanização até a ausência de direitos básicos, como tratamento hospitalar (gordofobia médica), representatividade na literatura/novelas/filmes/jogos e o silenciamento de sua dor. Fazem parte da rotina de pessoas gordas.

Enfim o documentário Gordos não vão para o céu – Qual o poder de escolha de uma pessoa gorda? pretende desmistificar e elucidar que uma pessoa gorda pode sim ser saudável, se relacionar, estar apta para o mercado de trabalho e ter uma vida normal, ativa, como a de qualquer outra.

 



Para mais informações, acompanhar o andamento do projeto e data de estreia acesse: https://www.instagram.com/gordofobia.doc/

Kika Ernane, Karina no RG, e sou multitasking (agora que aprendi o significado do termo segura). Uma mulher como muitas da minha geração, que ainda não descobriram como aproveitar a liberdade que lutaram tanto para conseguir. Muito menos administrar todas as tecnologias disponíveis. Enfim, estou sempre aprendendo.


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