Crítica: Ela disse! O efeito Weisntein e o estopim de um Movimento!

A Universal lança hoje (08/12) nos cinemas o filme Ela disse (She Said), baseado no livro sobre o caso do ex-produtor norte americano Harvey Weinstein, acusado e condenado em 2020 por inúmeros crimes de assédio e estupro contra mulheres.

A trama mostra a trajetória do New York Times e suas duas repórteres investigativas Jodi Kantor (Zoe Kazan) e Megan Twohey (Carey Mulligan) em busca da exposição do caso Weinstein, logo após a vitória de Donald Trump (também acusado de violência sexual). Um roteiro que bebe da mesma fonte investigativa de Spotlight e The Post.

Jodi e Megan vão atrás de atrizes e funcionárias que passaram pela Miramax (empresa de Weinstein), e se veem inundadas por histórias com acordos judiciais, que foram usados para abuso psicológico e proteção do abusador, e juntas carregam um pouco do fardo dessas mulheres que tiveram suas vidas marcadas e carreiras destruídas.

Ela disse, é um filme com uma carga emocional muito pesada que traz a tona o sentimento de indignação, impotência e repúdio, principalmente para nós mulheres que vivemos constantemente em alerta em todos os lugares que frequentamos. Um dos momentos que aflora esse estado emocional, é quando uma das vitimas narra a sua história e o telespectador segue com ela pelos corredores do Hotel até o quarto do abusador, é como se estivessemos vivendo a via sacra daquela pessoa.

Outro recurso utilizado para essa vivência é a fotografia e sua paleta de cores em tons apagados, quando as vítimas estão sendo entrevistadas, transparecendo a seriedade dos casos e as expressões de Zoe completam o cenário frio e doloroso.

Sobre a edição, ela nos transporta para vários cenários e períodos do tempo que são essenciais, mas algumas vezes confusos por se sobreporem muito rapidamente, talvez para demonstrar a corrida das jornalistas em busca de verdade, em paralelo com a vida de mãe e esposa, mais uma vez mostrando o quanto as mulheres são sobrecarregadas em suas jornadas.

A matéria do New York Times expos décadas de ocultamento e podridão no meio do mercado cinematográfico de Hollywood, desencadeando novas denúncias contra o réu Harvey Weinstein levando-o ao desligamento da sua empresa e, logo após, sua condenação.

Em seguida, mais denúncias sobre outros empresários surgiram, o que foi chamado de “efeito Weisntein”, levando mais culpados a justiça. Também levou ao estopim do movimento #MeToo (iniciado em 2006), onde vítimas de violência sexual falam/denunciam sobre seus casos/traumas.

Ela disse vem em forma de protesto, alerta e uma aula sobre jornalismo, e como a insistência pela verdade e justiça podem fazer a diferença.

#ElaDisseFilme