Cinema

Crítica: Coisas do Amor - e o esvaziamento do feminismo

Coisas do Amor comédia romântica alemã estrelada por Elyas M'Barek e Lucie Heinze disponível nos cinemas desde 9 de março

Confesso que tive muitas crises antes de escrever essa análise. Coisas do tipo, quem achou que seria uma boa ideia lançar esse filme nos cinemas brasileiros? Ainda, refletindo mais profundamente, quem achou que ele deveria ser escrito e realizado? 

Em tempos de movimento Redpill e coaches de masculinidade tóxica, o enredo de Coisas do amor mais prejudica, que enaltece a luta por equidade de gênero que nós mulheres travamos há séculos. Diante disso, fica difícil passar um pano para um filme tão repleto de estereótipos ultrapassados. 

Sinopse 

É hora do tapete vermelho em Berlim, e todos na estreia do filme - fãs guinchantes, paparazzi vagabundos e equipes de filmagem ávidas - estão esperando para ver a maior estrela de cinema da Alemanha, Marvin Bosch (Elyas M'Barek). Mas todos eles estão esperando em vão, porque não há como Marvin aparecer depois de sua entrevista com a repórter de tabloides, Bettina Bamberger (Alexandra Maria Lara), que é uma jornalista impiedosa e implacável. A estrela se encontra em fuga da mídia e acaba se refugiando em um pequeno teatro feminista independente LGBT+ chamado "3000", que é dirigido por Frieda (Lucie Heinze) e está à beira da falência. Será que Marvin, Frieda e seus amigos conseguirão salvar o teatro, restaurar a reputação de Marvin e dar uma chance real ao verdadeiro amor - tudo sob o olhar atento do público atônito? 


Coisas do amor é o tipo de filme que você fica o tempo todo esperando chegar em algum lugar, entretanto, isso não acontece. Tem cenas que você pensa, agora vai, mais para frente vai fazer sentido, só que não. No final, não temos uma lição de moral, e muito menos entretenimento, então qual seu objetivo? 

Se for criar um ranço do feminismo, parabéns, objetivo alcançado com sucesso. Sua narrativa é um prato cheio para os críticos que acreditam que o movimento se resume a sexo e mulheres peludas. 

Ocorre que, o feminismo que chega até a gente é o midiático, criado com a função de entreter. Uma fração muito ínfima de um movimento extremamente importante e necessário, algo que se não existisse eu nem estaria escrevendo este artigo.

Ou no caso desabafo, já que o filme foi capaz de acessar o meu estado de alerta de uma forma que eu não esperava. Dado que, pelo título eu esperar uma comédia romântica açucarada, daquelas que a gentes suspira e após alguns dias esquece.

O casal de Coisas do Amor 

Martin Bosch (Elyas M’Barek) é um ator famoso que só atua em comédias românticas, o que faz ele ganhar a fama de príncipe encantado, o cara dos sonhos, alguém que é tão perfeito que dói. Porém, Bosch é um homem atormentado por uma situação do passado. Que um dia graças a uma jogada do destino conhece Frieda. 

Frieda (Lucie Heinze) é responsável por um teatro feminista e LGBTQIAPN+, do tipo que adora cagar regras e se considera superior. Seu teatro é um desfile de todos os clichês relacionado ao feminismo, com direito a PPKs de pelúcia e dança de celebração ao absorvente interno. Não me admira que esteja à beira da falência, afinal quem vai pagar para ver mais do mesmo? Já que os discursos são rasos e não acrescentam nada?


Os demais personagens são tão rasos quanto os protagonistas. 

Enfim, a narrativa não faz sentido, os personagens são fracos e o filme não entrega o que promete, as tão esperadas Coisas do amor. 

Ficha técnica 

Título: Coisas do Amor 

Título original: Love Thing 

País: Alemanha 

Data de estreia: 9 de março 2023 

Gênero: Comédia romântica 

Classificação: 14 anos  

Duração: 99 minutos 

Distribuidora: A2 Filmes 

Direção: Anika Decker 

Elenco: Elyas M'Barek, Lucie Heinze, Marco Albrecht.


Kika Ernane, Karina no RG, e sou multitasking (agora que aprendi o significado do termo segura). Uma mulher como muitas da minha geração, que ainda não descobriram como aproveitar a liberdade que lutaram tanto para conseguir. Muito menos administrar todas as tecnologias disponíveis. Enfim, estou sempre aprendendo.


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