Cinema

Todo Mundo em Pânico: 25 anos da paródia que mudou o terror (e o humor)

Há 25 anos, Todo Mundo em Pânico ensinou que dá pra morrer... de rir. Uma paródia que virou clássico do humor absurdo.


Em 2000, o terror morreu de rir. Literalmente. Todo Mundo em Pânico (Scary Movie) estreava nos cinemas como uma bomba cômica que explodia todos os clichês do terror adolescente dos anos 90 — e fazia isso com um deboche tão afiado que virou clássico instantâneo. Em 2025, o filme completa 25 anos, e a pergunta que fica é: ele envelheceu como vinho ou como leite?


O filme nasceu como uma paródia escrachada de Pânico (1996) e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), mas acabou zombando de tudo o que respirava no pop dos anos 90: desde Matrix até comerciais de refrigerante. Era humor ácido, corporal e sem filtro. E o público amou.


Anna Faris, então uma desconhecida, virou a rainha do humor pastelão, e Regina Hall entregou uma das personagens mais icônicas da comédia: Brenda Meeks, um monumento de histeria e sinceridade.

A Fórmula da Paródia + Caos + Cultura Pop


Os irmãos Wayans acertaram em cheio ao entender que a sátira funciona melhor quando o alvo é familiar. Todo Mundo em Pânico é quase um estudo de caso da cultura pop dos anos 90: para cada piada, havia uma referência. E para cada referência, uma zoeira.

Mas o que realmente segurava o filme era a falta de pudor. Nada era sagrado: sexo, drogas, religião, racismo, filmes da Disney — tudo virava motivo para piada. Hoje, esse humor seria cancelado em tempo real no Twitter. Mas, em 2000, era o retrato da irreverência sem limites.

A Queda: Quando a Paródia Vira Repetição


O sucesso do primeiro filme gerou quatro continuações (e vários derivados espirituais), com qualidade decrescente.

  • Todo Mundo em Pânico 2 (2001): ainda divertido, agora mirando em A Casa da Colina e O Exorcista.
  • Todo Mundo em Pânico 3 (2003): troca os irmãos Wayans por David Zucker, foca em Sinais, O Chamado e a vibe PG-13.
  • Todo Mundo em Pânico 4 e 5 (2006 e 2013): piadas recicladas, ritmo morto e um humor que parece paródia... de si mesmo.

A perda da ousadia original fez a franquia perder sua identidade. A entrada de roteiristas como Friedberg e Seltzer (culpados por Espartalhões e Super-Herói - O Filme) selou o destino: a paródia se transformou em ruído.

Legado: Risadas, Referências e um Grito Imortal


Todo Mundo em Pânico é mais do que uma paródia de terror. Ele representa um momento da cultura pop em que o cinema brincava com ele mesmo — e com a plateia. O timing cômico, as atuações exageradas e o desrespeito às regras tornaram o filme um marco de irreverência que ecoa até hoje.

Na era do streaming e das redes sociais, onde o humor precisa ser mais cirúrgico e menos explosivo, ele pode parecer um dinossauro. Mas um dinossauro carismático, vestido de Ghostface e fazendo piada de pum.

Em 2025, ainda vale a pena assistir?


Sim, se você:

  • Quer entender o auge da comédia física dos anos 2000.
  • Ama cultura pop e gosta de rir dos absurdos que levávamos a sério.
  • Não tem medo de humor politicamente incorreto (com todos os alertas possíveis).

Não, se você:

  • Prefere comédias mais sutis ou roteiros bem amarrados.
  • Se incomoda com estereótipos ultrapassados.
  • Busca uma paródia mais inteligente, como Apertem os Cintos... ou Todo Mundo Quase Morto.

Conclusão


25 anos depois, Todo Mundo em Pânico continua sendo um filme que não pede desculpas. E talvez seja esse o segredo da sua longevidade: ele não tenta ser mais do que é. É bobo, exagerado, por vezes ofensivo — mas acima de tudo, engraçado pra caramba. E no fim das contas, a gente ainda precisa rir do medo.

Poeta, Bacharel em Radio, TV E Vídeo, Estrela, Editor e Co-criador do Papo Blast, Especialista em piada ruim, Viciado em séries e filmes, está mais perdido que Lost e acredita que Sharknado é um clássico subestimado mas vocês não estão prontos para essa conversa.


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