Universo Geek

A Pizza Delivery — a verdade é que a pizza são as pessoas

Uma entrega se torna viagem íntima: A Pizza Delivery emociona com paisagens e diálogos, mas tropeça em tradução e jogabilidade.


A primeira mordida de A Pizza Delivery tem gosto de nostalgia e de insônia: não é só jogo, é um caminho curto que abre memórias. Você pega a Vespa, leva duas caixas quentes — uma pra entrega, outra pra dividir — e percebe que o mapa do mundo ali é menos geográfico e mais emocional. É bonito, melancólico e, sim, estranhamente reconfortante.


Resumo rápido (o que é)


Gênero: narrativa exploratória com puzzles leves
Duração: curta (2 horas média)
Foco: conversas, personagens e simbolismo — não ação frenética
Público: quem gosta de histórias lentas, paisagens e diálogo reflexivo

O que funciona — onde o jogo acerta o peito


cada fatia compartilhada vira confessionário

  • Narrativa emocional: cada fatia compartilhada vira confessionário. O jogo sabe ouvir.
  • Ambientes memoráveis: low poly que vira poesia visual — auroras, estradas suspensas, um cemitério ao entardecer.
  • Trilha sonora cuidadosa: silêncio quando precisa; melodia quando emociona.
  • Conceito forte: a ideia de um “não-lugar” liminar onde almas encontram alento funciona como motor temático.

O que incomoda — onde o jogo precisa de molho extra


  • Falta de checkpoints: curto não é sinônimo de contínuo — interromper e perder progresso quebra a experiência.
  • Bugs de inventário: itens permanecem no inventário mas não afetam interações — trava lógica.
  • Controles por vezes lentos: pegar a pizza ou subir na Vespa vira obstáculo chato.
  • Localização confusa: mistura de português de Portugal e do Brasil + acentos faltando prejudica compreensão.
  • Potencial subaproveitado: colecionáveis e cenários pedem mais significado; finais alternativos fariam o jogo reverberar.

Jogabilidade e design — breve diagnóstico



A jogabilidade é de exploração contemplativa: andar, falar, usar objetos, resolver charadas simples. Isso funciona quando o jogo é coeso. Aqui, a sensação é de obra pela metade: o charme narrativo existe, mas mecânicas e polimento técnico tiram pontos. Não estraga a experiência, mas evita que ela seja memorável.

Tradução e localização — problema real


Misturar variantes do português e falhas de acentuação não é só detalhamento estético: atrapalha a imersão. Para um jogo que depende de diálogos para emocionar, perder nuances linguísticas é perder pedaços da história.

Potencial — o que uma atualização faria


Com checkpoints, correção de inventário e uma revisão da localização, A Pizza Delivery passaria de curioso para indispensável entre jogos narrativos curtos. Acrescentar finais alternativos e dar mais significado aos colecionáveis empurraria o jogo para outro nível emocional.

Nota rápida (minha leitura emocional)


Este jogo é sobre encontrar companhia em estranheza. Dá vontade de dividir uma fatia com estranhos e voltar com o coração meio consertado. Falta tempero técnico, sobra alma — e, convenhamos, alma às vezes salva mais que mecânica perfeita.

Prós e Contras


Prós


  • Narrativa sensível e introspectiva
  • Paisagens low poly que emocionam
  • Trilha sonora bem lapidada

Contras


  • Sem checkpoints (frustrante)
  • Itens do inventário que bugam
  • Tradução confusa PT-BR/PT-PT
  • Curtinho e subaproveitado

Poeta, Bacharel em Radio, TV E Vídeo, Estrela, Editor e Co-criador do Papo Blast, Especialista em piada ruim, Viciado em séries e filmes, está mais perdido que Lost e acredita que Sharknado é um clássico subestimado mas vocês não estão prontos para essa conversa.


Disqus
Facebook
Google