A Netflix botou o pé na porta de Hollywood e decidiu que brincar de streaming não era mais suficiente. A gigante anunciou a compra da Warner Bros. por US$ 82,7 bilhões, abrindo um novo capítulo na corrida armamentista do entretenimento global. O movimento, codinome Projeto Noble, vem empilhado com financiamento de US$ 59 bilhões por um consórcio de bancos, multa rescisória de US$ 5,8 bilhões e uma ambição que dá para ver do espaço.
A empresa afirma que manterá as operações atuais da Warner, “incluindo os lançamentos nos cinemas” — promessa que já provocou ranger de dentes entre donos de salas pelo mundo. Não é exagero dizer que Hollywood acordou com cheiro de pólvora.
Como fica o pacote financeiro?
Os acionistas da Warner Bros. Discovery recebem US$ 23,25 em dinheiro + US$ 4,50 em ações da Netflix por cada ação. Já a divisão de canais lineares (CNN, TNT, HGTV, Discovery+) será destacada em 2026. É a engenharia corporativa dançando ballet.
A fala oficial das gigantes
Ted Sarandos e Greg Peters comemoram a aquisição como o casamento do século: o catálogo centenário da Warner — de Casablanca a Harry Potter — unido à força cultural de Stranger Things e cia. Para eles, isso é combustível para dominar o jogo por mais cem anos.
David Zaslav, CEO da WBD, já tratou como missão cumprida: a Warner “continuará encantando o mundo”, agora com a musculatura global da Netflix.
Por que a Netflix quer a Warner?
Analistas explicam sem cerimônia: conteúdo novo mantém assinante dentro do cercadinho. Segundo Peter Supino (Wolfe Research), só 5% dos títulos lançados no ano passado geraram mais de 20% da visualização — escala importa, e a Warner entrega isso de balde.
Além disso, comprar a Warner significa ganhar DC Comics, Harry Potter e O Senhor dos Anéis, além da joia da coroa: HBO, sinônimo de TV de prestígio. É como comprar um castelo e descobrir que os dragões vêm no pacote.
O lado sombrio: reguladores e cinemas
Cinema United, entidade que representa exibidores, já disparou o alarme vermelho:
A aquisição seria “uma ameaça sem precedentes à exibição cinematográfica”, acusando o modelo da Netflix de reduzir opções nas telonas. A entidade promete briga regulatória pesada.
Diretores e sindicatos ecoam a preocupação. Hollywood inteira pressente terremoto.
O que isso significa para o futuro?
Na visão otimista: escala, dinheiro, catálogo gigantesco e obras clássicas convivendo com novas sagas.
Na visão apocalíptica: um colosso definindo o ritmo da indústria e deixando concorrentes — Paramount, NBCUniversal e cia. — lutando por ar.
O tabuleiro está armado. A Netflix, que já venceu a “guerra do streaming”, agora tenta conquistar o continente inteiro. Resta saber se os reguladores vão deixar.
Fonte: THR



