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Heavy Metal: o universo em fantasia que conquistou os anos 80

Vamos relembrar um dos maiores clássicos que misturou diversas história e muito rock'n roll em uma única formula.

Sempre que nos lembramos de saudosas animações consideradas nostálgicas nos vem à cabeça desenhos produzidos pela Disney, Warner Bros., Hanna Barbera com suas famosas temáticas de super-heróis, animais falantes e aventuras fantasiosas, contendo linguagem bem leve e por vezes uma ou duas piadas que tinham um “duplo sentido” (não irei entrar nas velhas e maçantes conspirações de mensagens subliminares). Claro que por terem se estendido muito mais ao público infantil, poucas foram as animações que possuíam uma temática mais adulta e menor ainda as que procuravam conciliar em (no máximo) duas histórias distintas.


Foi exatamente nesse minúsculo percentual que Gerald Potterton, juntamente com Ivan Reitman e Leonard Mogel, decidiu apostar em uma animação extremamente ousada compilando ação, aventura, sci-fi, sex appeal, super-heróis e fantasia (além de uma boa dose de humor ácido), isso sem contar com uma trilha sonora no estilo rock’n roll dos anos 70. E assim nasceu o filme Heavy Metal (também chamado aqui no Brasil de Heavy Metal: Universo em Fantasia).

Dos quadrinhos para as telonas

Heavy Metal começou inicialmente como uma série de quadrinhos produzida na França por Jean Pierre Dionnet, no ano de 1974. Com o nome original de Métal Hurland, a série foi descoberta por Leonard Mogel, que a trouxe para os Estados Unidos em 1977 através da National Lampoon já renomeado como é conhecido hoje.

Renomeada de Heavy Metal, a série de HQs ganhou um novo formato sob licença de Mongel

Seu lançamento era realizado no formato de revista colorida (algo muito caro e promissor pra época), e visava muito mais o público adulto com temáticas de sci-fi, horror e erotismo. Muitas de suas histórias acabaram por ganhar certa fama (como é o caso de Druuna e Exterminator 17), até que no final da Década de 70 a equipe de Daniel Goldberg e Len Blum recebeu a grandiosa missão para a criação de um longa-metragem da série.

Muitas histórias em torno de um item 

O filme é uma antologia de várias histórias que se desenvolvem separadamente. No entanto, todas elas partilham algo em comum: o Loc-Nar, um objeto esférico verde altamente poderoso descrito como “a essência de todos os males” o qual se estende por todas as eras, galáxias e dimensões. O próprio Loc-Nar é retratado como personagem, já que é ele quem conta as histórias para o telespectador.
"Sente-se garotinha e deixe-me lhe contar minha história..."

Cada enredo vem mostrando as tragédias que esse corpo pode causar de diferentes formas as pessoas, sociedades, mundos entre outros, o que vai desde sua utilização para governar um planeta à transformação de certos personagens em seres monstruosos, como mutantes e zumbis. O destaque vai para as histórias Den, que é uma adaptação de uma das HQs da franquia criada por Richard Corben e Dan O’Bannon, e Taarna, que praticamente dá capa ao filme e é até hoje lembrado como a história principal de toda a animação.

Baseada na HQ de Richard Corben, "Den" é uma das histórias de maior destaque no filme 

Trilha sonora faz jus ao título

Para um filme nomeado como Heavy Metal, suas músicas não poderiam ser de outro gênero que não fosse metal e rock’n roll. Toda a trilha sonora trás bastante carga do rock dos anos 70 e contam com canções compostas por uma verdadeira equipe de gênios musicais, como Black Sabbath, Blue Öyster Cult, Cheap Trick, Devo, Grand Funk Railroad, Journey, Stevie Nicks entre outros. Destaque para a música Heavy Metal de Sammy Hagar que logicamente se tornou o tema do filme.
Não é apenas a animação que tem seus momentos épicos. A música ajuda bastante

A trilha sonora conseguiu alcançar um sucesso tão gigantesco quanto à própria animação, tanto que recebeu um CD com todas as faixas principais utilizadas no filme. Algumas músicas foram encomendadas exclusivamente para a produção do longa-metragem, enquanto outras fazem menções a trilhas clássicas do cinema, além de algumas referências que a própria animação traz em algumas de suas histórias (como “Os Dez Mandamentos” e filmes de faroeste).

Seu marco e continuação

Heavy Metal praticamente foi um grande marcou para as animações de sua época. É bem verdade que os traços acabaram ficando datados com o tempo, e, embora muitos críticos tenham lhes dado notas medianas, o filme foi bem ousado em suas propostas e trouxe uma nova visão a cerca da construção de como contar uma história sob outra ótica. Além disso conseguiu aproximar ainda mais o público adulto deste período para a cultura pop, o que faz dele um clássico cult.
Até South Park já homenageou esse clássico!

No ano 2000 veio uma sequência indireta da série, o Heavy Metal 2000, com uma animação bem mais polida sem contar com uma trilha sonora tão boa quanto a anterior. Apesar do bom desempenho no segundo filme, este não atingiu uma popularidade tão grande quanto o primeiro (sem contar os pontos baixos com um enredo bastante linear e alguns CGIs desnecessários). Já em 2012, uma série de TV chamada Métal Hurland Chronicles foi feita na França, mas durou apenas por 12 episódios. No entanto isto não tira todo mérito que Heavy Metal alcançou com sua irreverência e inovação. Sem dúvida algo que qualquer fã do gênero tem a obrigação de assistir.


Desenhista, quadrinista e colunista, é um verdadeiro apaixonado pelo Universo Geek e Cultura Pop em geral. Fã de carteirinha de Sonic, Star Wars, Homem-Aranha, Zelda e dos gênios Akira Toriyama e Jack Kirby, escreve para a GeekBlast e desenvolve pesquisas na área dos quadrinhos.


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