Cinema

Crítica: "De Pernas Pro Ar 3", dramédia nacional

Novo filme com Ingrid Guimarães traz história reflexiva e boas risadas


Depois de 9 anos do lançamento do primeiro filme, chega hoje (11 de abril) aos cinemas o filme que fecha a trilogia de Alice (Ingrid Guimarães) e sua jornada para equilibrar a vida profissional com a família.

No primeiro filme, a grande questão era falar de Alice, uma mulher que estava sem trabalho e com o casamento bem capenga que, com a ajuda de uma até então desconhecida, se reinventou e descobriu o poder se ter prazer. No segundo, a protagonista se joga de cabeça no trabalho para levar para outras mulheres o que ela descobriu e acaba deixando a família de lado.

Desta vez Alice percebe que está perdendo momentos com a família por viajar demais e decide se aposentar da Sexy Delicia, sua sex shop. A chegada de uma jovem inteligente e ligada nas novas tecnologias faz com que ela se sinta ultrapassada e o sentimento de competição a faz voltar à ativa, correndo o risco de destruir seu casamento de vez.

O interessante da história, que conta com o roteiro feito em conjunto por Rene Belmont, Marcelo Saback e a própria Ingrid Guimarães, que faz questão de falar sobre a recepção da mãe ao perceber que o filho cresceu e tem uma vida sexual ativa.

Os filmes De Pernas Pro Ar sempre conversaram com a sociedade, sendo bem atuais nas questões que apontam. Para fazer o terceiro, a produtora Mariza Leão e a atriz Ingrid Guimarães queriam trazer algo novo. Mariza afirmou em coletiva que o tempo entre os filmes dois e três foi crucial para encontrar essa nova história:
"Só valeria a pena fazer se a gente tivesse encontrado de fato uma continuação para esses personagens. E nesse período percebemos muitas coisas no mundo: o feminismo cresceu e o mundo virtual se transformou em um elemento cada vez mais indissociável de cada um de nós."
Na trama que chega, aos cinemas nesta quinta-feira (11/4), Alice se sente ameaçada pela nova empresaria do ramo erótico que está fazendo sucesso com um óculos virtual e também chama a atenção de Paulinho (Eduardo Mello), que se apaixona por Leona e acaba inflando ainda mais a insegurança da mãe, que pensa ter perdido o tempo com os filhos e, nas palavras de Ingrid, "sente uma culpa por isso".


A personagem nova, Leona (Samya) é o frescor que a trilogia precisava. Apesar de Alice a ver como uma concorrente, ela não é usada como uma rival pelo roteiro, o que mostra que existe espaço para todas, inclusive, como diz a personagem, ela só consegue o sucesso que tem porque Alice abriu portas que hoje ela pode usar. Esse é exatamente o pensamento que as mulheres deveriam ter hoje e é por isso que o filme conversa tão bem com o público. Esse e outros diálogos do longa abrem caminhos para discussões que deveríamos ter mais, tanto em casa quanto fora. Afinal, por que as mulheres tem que estar constantemente competindo e rivalizando entre si? Por que a mulher deve se culpar de gostar de seu trabalho e as vezes perder uma outras coisa da escola do filho?

"Quando nós mulheres nos olhamos nos olhos, vemos que é mais interessante a gente se unir. Porque o mundo já está todo construído para a gente disputar uma com a outra", diz Samya.
Só por essas questões de geração, já seria uma boa razão para ver o filme, mas, além disso, ele conta com boas piadas, que saem naturalmente nas cenas e também fala de família, casamentos e o papel do homem nessa busca das mulheres para ter espaço em todos os campos.

Ficha técnica completa


Título: De Pernas pro Ar 3 (Original)
Ano produção: 2019
Direção: Julia Rezende
Estreia: 11 de Abril de 2019
Duração 109 minutos
Classificação 14 
Gênero: Comédia Nacional
País: Brasil
Elenco: Bruno Garcia, Ingrid Guimarães, Cristina Pereira, Denise Weinberg, Samya Pascotto, Eduardo Mello, Duda Batista, Maria Paula, Cauã Reymond

Pesquisadora em Têxtil e Moda; cinéfila; Potterhead e lufana. Adora escrever e dar dicas sobre seus filmes favoritos. Amante de boas histórias e personagens femininas que se impõe. Queria ter os poderes da Jean Grey, mas é apaixonada pela Jasmine. Nas horas vagas escreve sobre seus hobbies.


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