Crítica: A última chamada filme sobre a vida do poeta galês Dylan Thomas

A Última Chamada apresenta um fragmento da vida do artista que é considerado um dos maiores poetas de língua inglesa do século XX, o escritor e jornalista Dylan Thomas, que tem um trabalho conhecido por sua exuberância cômica, melancolia e cadência. No elenco, Rhys Ifans, Rodrigo Santoro, John Malkovich, Romola Garai, Zosia Mamet, Tony Hale apresentam em preto e branco a história do poeta que morreu aos 39 anos.

Sinopse

A história começa na cidade de Nova York, na última turnê do poeta Dylan Thomas em 1953 - uma turnê que pretendia salvá-lo da ruína. A reputação do poeta galês de beber muito e ser mulherengo logo seria esquecida, à medida que audiências ávidas são cativadas por suas palestras de poesia.

Cheio de poesia, paixão e uma traição definitiva, o poeta se enfurece, ama e luta contra a escuridão crescente. Um dia, no White Horse Tavern, ele bebe 18 uísques duplos, dando a cada um, o nome de uma experiência sua de vida. Logo suas fantasias, suas memórias e um presente incerto se misturam em uma selvagem e surreal despedida do mundo.

Estou há dias pensando em algo positivo para dizer sobre A Última Chamada, mas simplesmente falhei nessa tarefa. Pois, Dylan Thomas, Rhys Ifans, deixou um rastro de destruição em sua breve passagem pelo mundo, já que morreu aos 39 anos em consequência do seu alcoolismo. Mas, não antes sem prejudicar muitas vidas. Começando pela própria.

O vício do poeta fez com que gastasse todo seu dinheiro, obrigando sua família a viver da generosidade de outras pessoas. No decorrer da narrativa vemos sua mulher Caitlin, Romola Garai, escrevendo cartas falando sobre toda necessidade que está passando com seus filhos. Lembrando que naquela época a possibilidade da mulher sustentar sua família era quase nula. Enquanto isso, o poeta pagava rodada de bebidas no bar.

Seu assistente pessoal Brinnan, Tony Hale, entregou o rascunho do livro que estava escrevendo para o artista avaliar. Dylan perdeu a única cópia do trabalho de seu assistente. Além disso, o filme não aprofunda o personagem. Por quê o cara ajudava Dylan apesar da total indiferença? Qual era a sua motivação?

Como se não bastasse ser tratado como alguém inferior, Brinnan ainda é questionado sobre ter colaborado com a morte do poeta. Como se fosse possível evitar tamanha tragédia.

Reflexões na mesa de bar

Papo de boteco é uma ferramenta narrativa muito utilizada por Hollywood, para trazer reflexões importantes. Nada como a sinceridade proporcionada pela cachaça para confrontar verdades. No caso de Dylan era a ausência de formação acadêmica. Que no filme fica claro que incomodava o poeta. Já que enfrentava conflitos internos por não ter o conhecimento necessário para ser visto como um grande escritor, em função da falta de diplomas.

Por isso, projeta toda sua frustração em Carlos, Rodrigo Santoro, o atendente do bar. Que protagoniza uma das cenas mais sem sentido do filme. Ou, que talvez seja mais um delírio da mente caótica de Thomas. Afinal, o personagem de Santoro é bonito, culto e tem uma excelente formação acadêmica, atributos desejados por Dylan. Apesar de trabalhar servindo bebidas para indivíduos marginalizados.

Em resumo, queria dizer “dê uma chance para este filme”, mas com o valor do ingresso de cinema não seria justo. Já que o longa não vale nem o tempo. A moeda mais valiosa do nosso contexto histórico-social. Dado que a narrativa passa um pano para o poeta, que passa a narrativa culpando a esposa por suas decisões erradas. Enfim, não recomendo.

O filme está disponível nas plataformas digitais: Now, Vivo, Microsoft, Google, iTunes e Looke