Esse pacto não é só dinheiro trocando de mãos. É uma tacada histórica: pela primeira vez, usuários poderão criar vídeos com mais de 200 personagens das franquias Marvel, Pixar e Star Wars, tudo direto dentro do Sora — com bênção oficial do Mickey.
O futuro do audiovisual acaba de ganhar um novo protagonista.
Durante anos, os estúdios tentaram frear as ferramentas de IA que permitiam a fãs gerar imagens piratas usando suas marcas. Agora, a Disney resolveu virar o tabuleiro: em vez de combater, monetizar.
O acordo com a OpenAI abre a porta para uma nova categoria de conteúdo: vídeos curtos gerados por fãs e oficialmente licenciados. O Disney+ já se prepara para incorporar esses clipes diretamente na plataforma, criando um ecossistema de criatividade supervisionada.
A Disney já deu alguns exemplos internos do que vem aí:
- um fã duelando com Darth Vader,
- outro surfando com o Stitch na prancha,
- outro arrancando na largada ao lado de um carro de Carros.
Esses modelos e personagens licenciados chegarão ao Sora e às imagens do ChatGPT no início de 2026.
A movimentação marca uma mudança brusca de rumo. Quando o Sora foi apresentado de forma limitada, em outubro, agências como WME, CAA e UTA acusaram a ferramenta de violar a imagem de celebridades. O sindicato dos atores, o SAG-AFTRA, também apertou o cinto.
Desde então, tudo mudou. A OpenAI fechou acordos de proteção de imagem — incluindo o caso de Bryan Cranston — e agora, com a entrada da Disney, um novo modelo se desenha: licenciamento, controle e remuneração.
É o “se não pode vencê-los, cobre royalties”.
O CEO da Disney, Bob Iger, descreveu a iniciativa como uma expansão segura do que a empresa já faz: contar histórias. A novidade é que agora o público terá ferramentas oficiais para brincar dentro desse universo.
Em suas palavras, a IA marca “um momento importante para nossa indústria”, e a parceria com a OpenAI coloca a criatividade diretamente nas mãos dos fãs “de maneiras nunca vistas”.
A postura dialoga com a estratégia recente do estúdio — como a participação de US$ 1,5 bilhão na Epic Games para aproximar franquias do público jovem dentro do Fortnite.
Curiosamente, a Disney assinou esse acordo meses depois de processar a Midjourney junto com a Universal, acusando a ferramenta de ser “um poço sem fundo de plágio”. A diferença? Controle total.
No modelo da OpenAI, tudo é licenciado, rastreado, monetizado e supervisionado.
Nada de Darth Vader saindo de fábrica sem pagar pedágio.
O acordo legitima a plataforma da OpenAI e sinaliza um futuro em que grandes estúdios preferem colaborar com IA do que entrar em guerra com ela. Em troca, preservam suas marcas e abrem novas linhas de receita.
Sam Altman reforçou esse caminho, dizendo que empresas criativas e de IA podem evoluir juntas “de forma responsável”, expandindo o alcance das histórias e aproximando os fãs de novas experiências.
E ele já admitiu: mais estúdios estão batendo à porta para licenciar suas franquias.
Esse movimento expandirá a criatividade ou ameaçará o modelo tradicional de produção audiovisual?
Hollywood inteiro está olhando. A Disney decidiu apostar. Agora, a indústria terá que correr atrás — ou arriscar ficar pra trás.




