A controvérsia teve início quando a ABC retirou Jimmy Kimmel Live! do ar por uma semana no começo de 2025, após pressão de emissoras afiliadas locais — especialmente grupos como Nexstar e Sinclair — indignadas com comentários feitos pelo apresentador após o assassinato de Charlie Kirk. Algumas dessas afiliadas ameaçaram interromper a exibição do programa em grandes mercados, como Washington D.C. e Seattle.
Em um documento protocolado em 10 de dezembro e revelado agora, a Disney cita a suspensão de Kimmel como exemplo de que as afiliadas continuam exercendo, sem interferência da FCC, o direito de interromper a programação quando consideram necessário. Segundo a empresa, isso demonstra que não há necessidade de novas regras regulatórias.
“As emissoras afiliadas à ABC exerceram esse direito nos últimos 30 anos e continuarão a fazê-lo”, escreveu a Disney, citando também casos anteriores envolvendo NYPD Blue e o filme Saving Private Ryan.
O embate ocorre em um momento de tensão crescente entre redes nacionais e emissoras locais. Proprietários de afiliadas reclamam do aumento das taxas de afiliação e da estratégia das grandes empresas de mídia de deslocar conteúdo premium — incluindo eventos esportivos — para plataformas de streaming. Já as redes argumentam que uma intervenção da FCC poderia causar danos irreversíveis ao modelo de radiodifusão aberta.
A investigação é conduzida pelo presidente da FCC, Brendan Carr, que avalia se as redes exercem “controle ou influência indevida” sobre afiliadas, prejudicando o atendimento às comunidades locais. O tema deve ser discutido em uma audiência de supervisão no Senado dos EUA, com a presença de Carr e das comissárias Olivia Trusty e Anna Gomez.
Nos documentos apresentados à FCC, Disney, NBCUniversal, Fox Corp. e Paramount Skydance alertam que mudanças nas regras podem enfraquecer a radiodifusão aberta e beneficiar ainda mais gigantes da tecnologia e do streaming, como Google, Amazon e Netflix. Já as associações que representam afiliadas locais pedem “ação decisiva e rápida” para reequilibrar uma relação que consideram hoje profundamente desigual.
Enquanto a suspensão de Kimmel virou o símbolo mais visível do conflito, o verdadeiro embate envolve dinheiro, contratos e o futuro da televisão aberta em um mercado cada vez mais dominado por plataformas digitais.
Fonte: The Hollywood Reporter (THR)



