Cinema

Crítica: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o maior tributo cinematográfico ao Cabeça de Teia!

Fechamento da "Trilogia Home" abre as portas para o multiverso, ou melhor, Aranhaverso!


Após uma longa espera, rondada por promessas e teorias de fãs, chega finalmente aos cinemas o arco de encerramento da chamada Trilogia Home do Homem-Aranha, interpretado por Tom Holland no Universo Cinematográfico da Marvel. Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa tinha a difícil missão de trazer um fechamento digno ao maior personagem já criado pela Marvel, contando ainda com a participação de vilões dos filmes anteriores do teioso e talvez até (segundo os fãs) dos antigos Aranhas cinematográficos. Mas a pergunta que não quer calar é: O filme entregou o que prometeu? O hype foi correspondido ou foi tudo apenas uma histeria coletiva? É o que veremos agora!

PS: A crítica a seguir NÃO contem spoilers. Fiquem tranquilos!


A Sinopse


Após ter sua identidade revelada para o mundo pelo Mistério, Peter Parker (Tom Holland) não consegue seguir com sua vida quotidiana, até porque uma boa parcela da população o considera um assassino depois dos eventos de Longe de Casa. Para resolver esse problema, Peter pede ajuda ao Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch), o qual pode realizar um feitiço que fará com que todos esqueçam que Peter é o Homem-Aranha. Tratando-se de um filme do amigão da vizinhança, já temos a certeza de que isso não vai terminar nada bem.

Um feitiço para apagar a memória de milhões de pessoas! O que pode dar errado? 

O que a princípio poderia ser um deplorável retcon para o teioso no MCU, por sinal adaptando para os cinemas a polêmica HQ "Um Dia a Mais" de 2007, onde o Homem-Aranha fazia um pacto com Mephisto sacrificando seu casamento com Mary Jane (considerada por muitos, inclusive por este que vos escreve, como um das piores histórias do Cabeça de Teia), logo se torna algo muito mais perigoso para o nosso herói, com vilões de outros universos aparecendo em seu mundo. E claro, todos eles tem um objetivo em comum: destruir o Homem-Aranha. Agora cabe a Peter e seus amigos Ned (Jacob Batalon) e MJ (Zendaya), nas palavras do Dr. Estranho, fazerem um "Scooby-Doo" para resolverem essa catástrofe multiversal. 

Um Aranha mais maduro


Verdade seja dita: Por mais que o menino Tom Holland tenha conseguido entregar em sua interpretação o mais próximo da personalidade do Peter Parker/Homem-Aranha dos quadrinhos para o cinemas, toda a sua grandiosidade encontrava-se minada pelo foco do MCU nos heróis que deram origem aos Vingadores, rebaixando o amigão a vizinhança ao um mero side kick do Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) na maior parte do tempo (sim! Justo o herói adolescente que havia quebrado este paradigma nos anos de 1960, estava agora sendo submetido a essa situação). Nem mesmo em seus filmes solos De Volta ao Lar e Longe de Casa ele escapava desse vergonhoso arquétipo. Mas em Sem Volta Para Casa a coisa é diferente.

Sem tutorzinho para ajudar. Dá teu jeito, Homem-Aranha!

Já de cara, Peter tem de arcar com responsabilidades de modo pessoal, envolvendo problemas judiciais e inimigos multiversais, ao passo que deve procurar formas de manter seus amigos e família desatrelados de seus "atos criminosos". Chega de viver sob a sombra de Tony Stark! Ah! E para quem achava que Dr. Estranho chegou para bancar o novo Stark na vida do Aranha, pode esquecer! A participação do mago supremo no filme é bem dosada e em nada ofusca o brilhantismo do protagonista, que busca resolver todos os impasses de modo independente (inclusive em alguns momentos, Dr. Estranho será mais um obstáculo do que uma ajuda).

Protagonistas adolescentes são o destaque do filme

Falando em ajuda, os amigos de Peter conseguem ser tão cativantes quanto ele. Enquanto MJ se mostra como uma parceira indispensável na vida do nosso herói, inclusive com uma química entre os dois muito melhor trabalhada do que no filme anterior, Ned continua sendo o "cara da cadeira" e o principal alívio cômico do filme. Outros personagens, como Happy e Tia May, também tem seus momentos de brilho na história, mas é realmente gratificante ver o crescimento de Peter tomando decisões maduras (em alguns casos de forma muito humana) e exercendo um papel de liderança para liquidar com esse acidente monumental, do qual ele tem certa parcela de culpa. Em fim, o Homem-Aranha do MCU conseguiu se desvincular do legado do Stark para se tornar de fato "O" Homem-Aranha.

Vilões nostálgicos

É com eles que a galera vai ao delírio!

Vamos falar agora daquilo que fez qualquer um comprar o ingresso para ver este filme: Nostalgia! Quando a Marvel anunciou que traria os antigos atores que viveram personagens icônicos nos filmes anteriores de Cabeça de Teia (dirigidos por Sam Raimi e Mark Webb), não teve como conter a euforia dos fãs. A participação de cada um deles está simplesmente incrível, e o modo como são inseridos na trama é muito bem amarrado. É verdade que alguns recebem mais tempo de tela do que outros, mas isso nem de longe chega a ser um problema, já que todos tem seus momentos de brilhantismo.

Destaques para Dr. Octopus (Alfred Molina), que com seu jeito excêntrico se mostra o mais sensato do panteão de vilões, e também o Electro (James Foxx), que, bem diferente de sua versão vergonhosa de O Espetacular Homem-Aranha 2, consegue ser bem mais interessante com um humor ácido divertido. O Homem-Areia (Thomas Haden Church) basicamente continua com a sua trama pessoal de rever a sua filha, enquanto Lagarto (Rhys Ifans) persiste na velha história de transformar a raça humana em répteis-mutantes. Mas quem realmente rouba a cena é o Duende Verde (Willam Dafoe)! Todas as vezes em que ele aparece são um show à parte, nos fazendo compreender a razão que o faz ser o maior arqui-inimigo do Homem-Aranha. 

Octopus que me desculpe, mas o Duende Verde é o vilão-estrela desse filme

Saindo um pouco dos vilões, é claro que não poderia esquecer do nosso queridíssimo J. J. Jameson (J. K. Simmons), que também está extremamente divertido. Já o havíamos visto de forma primorosa no pós-crédito do segundo filme, mas aqui ele ganha um tempo de tela muito maior. Além disso, o filme faz muitas referências a própria franquia cinematográfia do Aranha, citando outros personagens dos antigos longas (como um dos vilões chamando MJ de Mary Jane), retomando frases clássicas (tipo um "Pega eles, Gatão!") e até homenageando alguns momentos célebres (não será preciso ter olhos de águia para reconhecê-los). É literalmente uma viagem no tempo para os fãs do teioso.

Sem volta para casa


Apesar da quantidade absurda de personagens tendo que dividir seu tempo de tela com os protagonistas, tudo soa muito mais natural e dinâmico. Não são necessárias pausas para apresentar e desenvolver estes vilões, pois tal qual em Vingadores: Guerra Infinita compreende-se que nós já os conhecemos dos filmes antigos. Isso deu ao diretor Jon Watts a oportunidade para se concentrar em uma história muito mais rítmica e pontuada. 

O fan service é bem dosado e, de modo geral, chega a ser bizarro como a junção de todas essas figuras icônicas consegue nos proporcionar a mesma sensação de quando assistimos Vingadores: Ultimato pela primeira vez. Por um bom tempo achamos que nem tão cedo iríamos usufruir de uma experiência como aquela no MCU após o fechamento da Saga do Infinito, mas a Marvel realmente conseguiu nos surpreender mais uma vez. 

Momentos de drama e comédia muito bem dosados

Além disso, o roteiro possui uma coragem admirável, com escolhas que os dois filmes anteriores sempre pareciam temer em se arriscar. Posso dizer que dessa nova trilogia, esse é o filme mais pesado e brutal do Cabeça de Teia, e se anteriormente estávamos encarecidos de uma luta memorável do teioso, esse longa finalmente consegue nos entregar isso e um pouco mais. 

Vou encerrar por aqui (até porque qualquer coisa que eu disser depois já entraria numa zona de spoiler) apenas dizendo que Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa não só traz um excelente fechamento para essa trilogia (lembrando que a Sony já confirmou uma nova trilogia para o Aranha do Tom Holland) como ainda presta um senhor tributo a tudo de melhor (até mesmo de pior) que já tivemos do Homem-Aranha no cinema. Muito obrigado Marvel e Sony!

Há duas cenas pós-créditos: a primeira é muito bobinha, mas a segunda vale muito a pena ver.

Ficha técnica


Título: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Título Original: Spider-Man: No Way Home
Ano produção: 2021
Direção: Jon Watts
Estreia: 15 de Dezembro de 2021 
Duração: 148 minutos
Classificação:  12 anos
Gênero: Ação; Aventura; Comédia; Ficção Científica; Fantasia
País de Origem: Estados Unidos da América
Elenco: Tom Holland; Zendaya; Jacob Batalon; Marisa Tomei; Jon Favreau; Tony RevoloriJ. K. Simmons; Benedict Cumberbatch; Benedict Wong; Willam Dafoe; Alfred Molina; James Foxx; Thomas Haden Church; Rhys Ifans;

Desenhista, quadrinista e colunista, é um verdadeiro apaixonado pelo Universo Geek e Cultura Pop em geral. Fã de carteirinha de Sonic, Star Wars, Homem-Aranha, Zelda e dos gênios Akira Toriyama e Jack Kirby, escreve para a GeekBlast e desenvolve pesquisas na área dos quadrinhos.


Disqus
Facebook
Google